Governo de Milei corta benefícios sociais de 27 000 argentinos
Cortes se dão após descoberta de irregularidades no recebimento dos recursos; anúncio acontece às vésperas da greve geral no país
Menos de dois meses após assumir a Casa Rosada, o governo de Javier Milei cancelou benefícios sociais de mais de 27 000 pessoas. São argentinos que faziam parte dos programas Potenciar Trabajo e Potenciar Empleo (potenciar trabalho e potenciar emprego, respectivamente). De acordo com o Ministério do Capital Humano, foram detectadas irregularidades entre os beneficiados com relação à empregabilidade, entre outras condições incompatíveis com o recebimento dos recursos. A medida, anunciada no último sábado, 20, acontece quatro dias antes da greve geral anunciada pela principal central sindical do país, a CGT, de orientação peronista. São esperadas manifestações e piquetes em toda a Argentina.
O corte nos benefícios sociais, de acordo com a ministra Sandra Pettovello, titular do Ministério do Capital Humano, resultará na suspensão do pagamento de cerca de 2 bilhões de pesos argentinos (cerca de 12 milhões de reais). Entre os problemas detectados, como informou a pasta, estavam incompatibilidades relacionadas a trabalhadores autônomos, residentes no exterior e beneficiários já falecidos. No total, mais de 31 000 pessoas perderam benefícios desde o início do novo governo, em 10 de dezembro. Outros 150 000 beneficiários que viajaram ao exterior estão sendo analisados.
Essa não foi a única medida de impacto adotada pelo ultraconservador Javier Milei às vésperas da greve geral no país. Na última sexta-feira, 19, o presidente argentino sinalizou um recuo e abriu espaço para uma negociação no texto da camada Lei Omnibus (significa “para todos”, em latim). A Casa Rosada mandou um novo material para o Congresso Nacional, modificando trechos estratégicos do megaprojeto de lei com 664 artigos que trata de diversos temas, como privatização de empresas e superpoderes a Milei até o fim do mandato, em dezembro de 2027.
O recuo do governo de Milei acontece dez dias após o porta-voz do presidente argentino, Manuel Adorne, ter enfatizado que “não se negocia”, se referindo à recusa em alterar o conteúdo do megaprojeto.