No dia em que se completam dois meses da suspeita morte do procurador-geral Alberto Nisman, ele foi chamado de “sem-vergonha” pelo chefe de Gabinete argentino, Aníbal Fernández; reporta o Clarín. Fernández também acusou Nisman de “desvio de fundos públicos” para sair com mulheres. “Os fundos para esclarecer o atentado contra a Amia eram enviados para Nisman. Se ele o usava para sair com mulheres e pagar funcionários que não trabalham, então ele zombou durante todo este tempo de 85 vítimas e mais de 300 feridos”, disse Fernández para a imprensa antes de entrar na Casa Rosada. Segundo o jornal Página 12, Nisman ficava com metade do salário mensal de seu funcionário Diego Lagomarsino, técnico em informática e único acusado até agora na investigação sobre sua morte.
A promotora argentina Viviana Fein, responsável pela investigação da morte de Alberto Nisman, indiciou Diego Lagomarsino por entregar a pistola Bersa calibre 22 ao promotor. A promotoria citou um artigo do Código Penal que prevê prisão de um a seis anos a quem entregar arma de fogo a quem não seja o legítimo usuário.
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O advogado de Lagomarsino sustenta, em um informe que apresentará hoje para o Ministério Público, que o técnico recebia 41.000 pesos mensais (cerca de 15.000 reais) e depositava 20.000 pesos (pouco mais de 7.300 reais) em uma conta que mantinha com Nisman, de acordo com informação antecipada pelo jornal. Para o chefe de Gabinete argentino, Nisman atuou como “um sem-vergonha como poucas vezes se viu neste país”.
“É difícil acreditar que este homem, estando de férias, iria para a casa de quem roubava metade de seu salário para lhe dar uma arma para que se cuidasse”, acrescentou Fernandez, insinuado que Lagomarsino possa ser o autor do disparo que matou Nisman. A investigação oficial não obteve provas conclusivas sobre as causas da morte, enquanto a denúncia constituída pela família, e liderada por sua ex-mulher, a juíza Sandra Arroyo Salgado, sustenta que Nisman foi assassinado.
O procurador-geral encontrado morto em seu apartamento era o encarregado da investigação sobre o atentado terrorista contra a instituição judaica Amia, em 1994. Dias antes, ele havia denunciado a presidente Cristina Kirchner e outros funcionários de encobrirem os iranianos responsáveis pelo atentado. O governo argentino tentou de todas as maneiras desqualificar o trabalho de Nismam. Há três semanas, um juiz recusou formalmente a denúncia feita pelo procurador-geral, que havia sido reapresentada por um novo procurador. Mas, uma reportagem de VEJA ouviu ex-chavistas que confirmaram o conluio tramado entre a Argentina e o Irã e afirmaram que o acerto teve também a participação da Venezuela, combinada em encontros entre os ex-presidentes Hugo Chávez e Mahmoud Ahmadinejad.
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(Da redação)