General é apontado como primeiro-ministro na Tailândia
País é comandado por junta militar desde golpe realizado no final de maio
Em uma ação para tentar dar um verniz de legitimidade à junta militar que comanda a Tailândia, o general Prayuth Chan-ocha, que liderou recente golpe no país, foi apontado primeiro-ministro pelos membros da Assembleia Legislativa Nacional – que ele mesmo escolheu. Os militares tomaram o poder em maio, depois de meses de protestos contra o governo de Yingluck Shinawatra, que foi alvo de impeachment.
Prayuth, de 60 anos de idade, vai deixar o posto de chefe das Forças Armadas no mês que vem, mas continuará no comando da junta militar, conhecida formalmente como Conselho Nacional para a Paz e a Ordem. Para ter a sua posse formalizada, o general precisa da aprovação do rei Bhumibol Adulyadej, embora isso seja considerado mera formalidade. Pouco depois do golpe, o general anunciou que contava com o apoio do monarca para comandar a Tailândia.
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“Isso foi feito para dar a ele o poder de comandar o país de acordo com a lei. A posição de primeiro-ministro dará a ele poder legal no sistema de governança tailandês”, explicou Gothom Arya, professor de direitos humanos na Universidade Mahidol, em entrevista à agência de notícias Reuters. Os Estados Unidos, a União Europeia e a Austrália reduziram seus laços diplomáticos com a Tailândia depois do golpe. “O título de primeiro-ministro é apenas uma mudança cosmética e a nomeação não era algo inesperado”, disse um diplomata ocidental em Bangcoc, que não quis ser identificado.
Desde que passou a comandar o país, o Exército tem perseguido opositores e censurado veículos de comunicação. A legislação do país também foi endurecida pelos militares. As autoridades confiscaram armas da população, prenderam pessoas que eram consideradas suspeitas de cometer crimes e fecharam negócios considerados ilegais. Os aliados políticos de Prayuth também receberam cargos de destaque no novo governo tailandês, informou a rede americana CNN.
Prayuth disse que a Tailândia passará por um ano de reformas políticas antes de novas eleições serem realizadas, o que está previsto para ocorrer no final do ano que vem.