General afirma ter apoio do rei e ameaça usar a força contra protestos
Prayuth Chan-ocha afirmou que militares ficarão no poder por tempo indeterminado
A junta militar que tomou o poder na Tailândia afirmou nesta segunda-feira ter o aval do rei Bhumibol Adulyadej, monarca que há quase setenta anos comanda o país. O general Prayuth Chan-ocha advertiu que a força poderá ser usada se os protestos forem retomados. Ele comandou um golpe na última semana sob o pretexto de restabelecer a ordem no país, depois de sete meses de protestos contra o governo da primeira-ministra Yingluck Shinawatra. “Nós vamos voltar para onde estávamos antes? Se você quiser fazer isso, precisarei usar a força e impor a lei”, disse em pronunciamento transmitido pela TV. A jornalistas, o general disse que os militares vão criar uma “democracia genuína”, mas não estabeleceu prazos. Limitou-se a declarar que tudo “dependerá da situação”, acrescentando que a junta militar governará o país por tempo indeterminado.
O rei não é visto em público desde a última quinta, quando Prayuth anunciou que os militares haviam assumido o poder. Nenhum membro da família real falou publicamente sobre o golpe. Apenas a publicação que lista as decisões oficiais trouxe um anúncio sobre o endosso do general. O apoio da monarquia é uma formalidade significativa na Tailândia, onde o rei Bhumibol, de 86 anos de idade, é a instituição mais importante. Ele está acima de críticas, tanto pela tradição como pela lei. Insultos ao rei, à rainha ou ao príncipe é algo que pode resultar em até quinze anos de prisão, informou o jornal The New York Times. Em 2006, depois de outro golpe militar, o general que comandou a ação foi fotografado prostrando-se diante do rei.
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Segundo a rede CNN, a iminente perpetuação dos militares no poder vem desagradando diversos manifestantes que pediam a renúncia do governo da primeira-ministra Yingluck Shinawatra, mas que se opuseram ao golpe. A premiê foi destituída pela Justiça em 7 de maio e substituída de modo interino por Niwattumrong Boonsongpaisan, ex-titular da pasta de Comércio. O governo pretendia convocar eleições gerais em agosto para tentar acabar com a crise, mas os manifestantes pediam que o Parlamento nomeasse um líder “neutro” não eleito.
Manifestações – Mesmo com uma lei marcial em vigor, que impede a reunião de grupos de mais de cinco pessoas, centenas de pessoas foram às ruas no fim de semana para pedir a realização de uma eleição presidencial. Alguns casos de enfrentamento entre manifestantes e soldados foram registrados no domingo, mas não ocorreram incidentes graves. O general exigiu o fim dos protestos e afirmou que a situação está chegando a um “ponto de ebulição” que não será tolerado pelo Exército. Jornalistas e usuários de redes sociais foram alertados a não transmitirem mensagens que possam conter um tom provocativo ao regime.
Várias pessoas já foram detidas pelos militares, que também confiscaram passaportes. A figura mais importante a ser detida foi justamente a ex-premiê, liberada no fim de semana, depois de se reunir com os golpistas. Uma fonte militar disse que Yingluck foi convocada a “ajudar a manter a paz e a ordem e não se envolver com protestos ou outros movimentos políticos”.
(Com agência Reuters)