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Gbagbo: Intervenção de França e EUA provocará guerra

Para presidente, os países estão tramando um complô para destituí-lo do poder

Por Da Redação
27 dez 2010, 09h25

O presidente marfinense Laurent Gbagbo parece firme em sua decisão de se conservar no poder. No domingo, reagiu à ameaça de intervenção dos países vizinhos, afirmando que qualquer tentativa de derrubá-lo provocaria uma guerra civil. Ele também denunciou um “complô” da França e dos Estados Unidos para afastá-lo do poder.

Em entrevista à edição eletrônica do jornal Le Figaro, Gbagbo declarou que as ameaças africanas de intervenção militar em seu país devem ser levadas a sério, mas questionou principalmente a atuação dos embaixadores da França e dos Estados Unidos nos dias seguintes à polêmica eleição de 28 de novembro.

“Eles foram buscar Youssouf Bakayoko, o presidente da Comissão Eleitoral Independente, para conduzi-lo ao Hotel do Golf, que é o quartel-general de meu adversário” (Alassane Ouattara, reconhecido vencedor pela maioria da comunidade internacional), afirmou Gbagbo.

“Ele disse a uma televisão que meu adversário havia sido eleito. Mas o Conselho Constitucional anunciou que Laurent Gbagbo foi eleito”, contou. “A partir daí, franceses e americanos disseram que foi Alassane Ouattara (que venceu as eleições). Tudo isso é o que chamamos de complô”, afirmou.

Gbagbo, que alega ser o verdadeiro vencedor do pleito presidencial, parece irredutível em sua posição, e recusa-se a entregar o poder ao rival Ouattara – cujo triunfo nas urnas foi reconhecido pela ONU e pela comunidade internacional. Partidários do presidente, entretanto, inverteram a situação, afirmando que uma eventual intervenção dos países africanos para tirar Gbagbo do poder será o estopim da guerra civil.

Ahoua Don Mello, porta-voz do regime, declarou que a ameaça lançada pela Comunidade Econômica dos Estados da África do Oeste (Cedeao) de recorrer à força para tirar Gbagbo do poder é “um complô ocidental coordenado pela França”, e disse que se esta intenção for concretizada, não se responsabiliza pela segurança dos milhões de imigrantes regionais que vivem na Costa do Marfim.

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Intervenção – Na próxima terça-feira, três presidentes africanos visitarão Abidjan em uma última tentativa de convencer Gbagbo, de 65 anos, a ceder o poder a Alassane Ouattara, que venceu as eleições de 28 de novembro. Caso isso não aconteça, o próximo passo das potências regionais pode ser uma intervenção militar.

Mello afirmou “não acreditar de forma alguma” em uma intervenção militar na Costa do Marfim, justamente por haver milhões de cidadãos de outros países da África ocidental trabalhando nas lavouras de cacau do país. “A Costa do Marfim é um país de imigrantes”, argumentou. “Todos estes países têm cidadãos na Costa do Marfim, e eles sabem que se nos atacarem o conflito se tornará uma guerra interna”.

O secretário-geral da ONU Ban Ki-moon e vários líderes mundiais, porém, já alertaram Gbagbo de que sua teimosia pode levar o país a uma nova guerra civil. A Casa Banca reiterou que mantém seu apoio à Cedeao e exigiu mais uma vez que Gbabgo renuncie ao poder.

O governo britânico também exigiu que Gbagbo abandone o poder e deixe que seu adversário Alassane Ouattara assuma o controle da Costa do Marfim a fim de permitir uma transferência política pacífica. “O Reino Unido está profundamente preocupado com a crise política atual na Costa do Marfim e com os riscos sérios de instabilidade”, afirmou o ministro das Relações Exteriores, William Hague.

Crise – Apesar dos dez anos de crise, a Costa do Marfim ainda é uma economia importante na região. O país exporta mais de um terço do cacau consumido no mundo e mantém uma pequena, as promissora produção de petróleo, além de operar dois dos principais portos da região.

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Reunida na sexta-feira na capital nigeriana, a Cedeao – que inclui 15 países – decidiu enviar uma última missão diplomática de alto nível à Costa do Marfim para tentar negociar a renúncia pacífica de Laurent Gbagbo, ameaçando processar os responsáveis pela onda de violência que aterrorizou o país depois das eleições.

Em um comunicado divulgado após o fim da cúpula, a Cedeao declarou que, diante da resistência de Gbagbo, “a comunidade não terá alternativa a não ser tomar outras medidas, incluindo o uso legítimo da força, para alcançar os objetivos do povo marfinenses”.

O Banco Central dos Estados da África Ocidental excluiu o atual presidente da administração das contas do país, entregando esta função a Ouattara. Também a União Africana manifestou-se a favor da possa de Ouattara, deixando Gbagbo completamente isolado. O Alto Comissariado da ONU anunciou no sábado que 14.000 marfinenses já fugiram do país para a vizinha Libéria, com medo da instalação de um novo conflito.

Ouattara e seus partidários continuam isolados em Abidjan, fortemente ocupada pelas forças leais a Laurent Gbagbo. O grupo é protegido por 800 soldados da missão de paz da ONU, mas está tecnicamente encerrado em um hotel da capital.

(Com agência France-Presse)

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