Gás russo volta a ser distribuído para a Europa – com capacidade reduzida
Interrupção de dez dias no bombeamento do maior gasoduto russo levantou temores de corte total do fornecimento de energia ao continente
A Rússia retomou nesta quinta-feira, 21, o fornecimento de gás para a Europa através de seu maior gasoduto após uma pausa de manutenção de 10 dias.
Apesar de ter retomado seu funcionamento, o gasoduto Nord Stream 1 está entregando apenas 40% de sua capacidade. O chefe da agência reguladora de energia da Alemanha, Klaus Müller, alertou que a retomada dos fluxos de gás não é um sinal de que as tensões estão diminuindo entre Moscou e os países europeus.
“Infelizmente, a incerteza política e o corte de 60% a partir de meados de junho permanecem”, disse ele no Twitter.
A União Europeia teme que a Rússia corte totalmente o fornecimento de energia em retaliação às sanções políticas e econômicas impostas ao Kremlin pela guerra na Ucrânia.
Na quarta-feira 20, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen acusou Moscou de fazer chantagem, usando a energia como arma. A autoridade sugeriu que as nações do bloco se preparem para reduções ou cortes do fornecimento de gás, propondo uma meta de redução voluntária, de 15%, no uso do produto no período de agosto a março.
+ União Europeia alerta para perigo de corte completo do gás russo
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, tentou minimizar os temores, prometendo que a empresa estatal de gás Gazprom cumpriria todas as suas obrigações contratuais. Seu porta-voz, Dmitry Peskov, negou que a Rússia estivesse usando gás para chantagem política.
A Gazprom cortou o fluxo de gás através do Nord Stream 1 no mês passado, culpando as sanções impostas à Rússia pelo atraso na entrega de um equipamento importado do Canadá, necessário para a manutenção do gasoduto.
Mesmo tentando reduzir as importações de energia, a Europa ainda se vê dependente do gás russo. A redução contínua no fornecimento através do Nord Stream 1 provavelmente tornará mais difícil para os países reabastecerem suas lojas antes do inverno, quando o uso de gás é muito maior.
+ O plano da Europa para deixar de depender do petróleo e gás russos
Apesar da Europa estar enfrentando atualmente uma onda de calor, autoridades do continente temem que o gás armazenado não seja suficiente para aguentar a estação mais fria do ano.
Governos europeus estão recomendando que a população economize energia. Líderes do setor alertaram que um déficit de gás pode levar ao racionamento, além de desencadear uma recessão.
A invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro elevou os preços do gás no atacado na Europa, com um impacto indireto nas contas de energia do consumidor.
De acordo com dados da Comissão Europeia, os preços de eletricidade aumentaram 44% em maio de 2022 nas capitais da União Europeia, em comparação com maio de 2021. Os maiores aumentos ocorreram na Holanda (até 167%), Áustria (até 122%) e Itália (até 118%).