França adota lei que adia aposentadoria para os 62 anos
O governo defende que a reforma permitirá salvar um sistema ameaçado pelo aumento da expectativa de vida e pelas consequências da crise econômica de 2008
O Senado francês aprovou nesta sexta-feira a lei que adia dos 60 para os 62 anos de idade a aposentadoria na França, adotando definitivamente esta medida-chave da reforma das aposentadorias promovida pelo presidente Nicolas Sarkozy. O Senado aprovou por 186 votos a favor e 153 contra o artigo 5 do projeto de reforma das aposentadorias, sem modificá-lo em relação à versão adotada pela Assembleia Nacional (câmara baixa) em setembro.
Denunciando o fim da aposentadoria aos 60 anos, instaurada em 1982 pelo então presidente François Mitterrand, os senadores de esquerda franceses convocaram uma grande mobilização para terça-feira. Os sindicatos franceses também convocaram nesta sexta-feira um novo dia de manifestações para 16 de outubro, sábado, para protestar mais uma vez contra a reforma. As oito organizações da intersindical nacional, entre estas os dois principais sindicatos franceses, CGT e CFDT (reformista), anunciaram a nova convocação ao fim de uma reunião.
A reforma das aposentadorias já foi alvo de manifestações em todo o país no mês passado. Além da mudança da idade mínima a partir de 2018, a reforma ainda prevê aumentar de 65 a 67 anos a idade para obter uma aposentadoria completa. O governo defende que a reforma permitirá salvar um sistema ameaçado pelo aumento da expectativa de vida e pelas consequências da crise econômica de 2008.
Segundo um organismo independente, a crise triplicou o déficit do sistema da previdência em 2010, a 32 bilhões de euros (39 bilhões de dólares). Se nada for feito, o déficit chegará a 70 bilhões de euros em 2030. Com mais de 15 milhões de aposentados, a França é um dos países europeus com idade mínima mais baixa para ter direito à aposentadoria – mas com a exigência de 40 anos de contribuição.
(Com AFP)