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Forças Armadas dos EUA depois do 11 de Setembro: metamorfose e esgotamento

Por Por Mathieu Rabechault
24 ago 2011, 14h30

Envolvidas em dois conflitos depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, as Forças Armadas americanas experimentaram mutação radical, sob pressão da guerrilha para a qual não estavam preparadas e, apesar do enorme aumento do orçamento, mostram-se esgotadas, depois de dez anos de guerra.

Perseguição a combatentes inimigos, invasão do Iraque, luta contra as rebeliões iraquianas e os talibãs: os Estados Unidos ingressaram em uma nova era depois dos ataques contra as Torres Gêmeas de Nova York.

A potência militar americana age primeiro, aplainando o terreno: o regime talibã foi derrotado em um mês, o de Saddam Hussein, em três semanas. Mas, rapidamente, os militares americanos passaram a enfrentar o combate mais letal: uma insurreição.

As Forças Armadas americanas do começo do século XXI esqueceram-se das lições do Vietnã, transformando-se em militares essencialmente concebidos para enfrentar um conflito convencional.

Os Estados Unidos cometeram o erro de atribuir “uma confiança exagerada à eficácia da alta tecnologia ante a rusticidade do inimigo”, comentou o ex-embaixador James Dobbins.

“Em 2002, os efetivos americanos no Afeganistão ascendiam a cerca de 10.000 e, em setembro de 2003, os planos do Pentágono para o Iraque previam a mobilização de 30.000 homens”, segundo este especialista do centro de reflexão Rand. Não se tratava, então, de lançar-se à missão de reconstrução do país (“nation building”).

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Os americanos precisaram voltar a aprender, em meio à dor, a combater uma insurreição simultaneamente com a repressão ao extremismo, com a ajuda de serviços de inteligência cada vez mais militarizados e uma nova arma: os drones (aviões não tripulados).

Dez anos depois do 11 de setembro, 100.000 homens estão mobilizados no Afeganistão e cerca de 50.000, no Iraque.

Os gastos são consideráveis e as perdas humanas, não menos.

Desde 2001 a guerra contra o terrorismo e as operações no Afeganistão e Iraque custaram 1,283 trilhão de dólares, segundo informe do Serviço de Investigações do Congresso (CRS).

Mais de 6.000 militares americanos perderam a vida e mais de 45.000 ficaram feridos. Os gastos médicos com os ex-combatentes podem chegar a um trilhão de dólares nos próximos 40 anos, segundo estudo da Universidade de Brown.

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Dois terços do 1,25 milhão de veteranos, com destinos diversos no Iraque e no Afeganistão, sofrem feridas invisíveis como a síndrome do estresse pós-traumático, além de passarem por diversos problemas psicológicos. O número de suicidas bate recordes.

E tudo isto com que resultados? O orçamento do Pentágono, certamente, duplicou; o número de navios e submarinos teve uma redução de 10%; o mesmo acontecendo com de esquadrões de caças e bombardeiros, que passou para a metade do número anterior.

Ocupados nas arenas do Iraque e nas montanhas do Afeganistão, os militares americanos “não tiveram tempo para treinar” numa guerra convencional, estimou Lawrence Korb, especialista do Center for American Progress.

“Inevitavelmente, a situação terá que voltar a um equilíbrio quando forem concluídas estas campanhas”, opinou por sua vez Stephen Biddle, do Council on Foreign Relations.

Mais grave ainda, as Forças Armadas se desgastaram, segundo ele: “Há um ponto de ruptura e se tornaram uma instituição extremamente fatigada”.

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O ex-secretario de Defesa, Robert Gates, parece ter compreendido. Em fevereiro, poucos meses antes de renunciar, advertia: “qualquer futuro secretário de Defesa que aconselhe o presidente a enviar uma importante força armada à Ásia, ao Oriente Médio ou à África deve fazer, antes, um exame na cabeça”, disse.

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