O sábado 15 foi marcado por mais protestos na França. Pelo quinto final de semana seguido, atos tomaram Paris e mais cinco cidades do país, ignorando os pedidos de suspensão do governo depois do ataque ao mercado de Estrasburgo, em que cinco pessoas foram mortas. A agitação foi uma das várias que tomaram a Europa ao longo do final de semana, com protestos também na Hungria e na Bélgica.
Segundo o ministro do interior francês, Édouard Philippe, o número de manifestantes foi estimado em 33.500 pessoas, metade do contingente da semana passada.
A polícia de Paris disse que menos de 3.000 pessoas se reuniram na capital, em passeata mais pacífica que a das outras semanas. Foram 46 presos, em comparação aos 335 no sábado 8.
O ministro declarou que 69.000 policiais foram convocados, com presença reforçada em Toulouse, Bordeaux e Saint-Etienne. Na capital francesa, apesar da atenção redobrada, lojas grandes como a Galeria Lafayette abriram para as compras de Natal.
Na Champs-Élysées, ativistas do grupo Femen enfrentaram as forças de segurança durante um protesto com topless, a poucos metros do Palácio do Eliseu, residência oficial do presidente Emmanuel Macron.
Os protestos começaram no dia 17 de novembro contra o aumento em taxas sobre combustíveis, mas se tornaram uma revolta sobre padrões de vida na França e a indiferença de Macron a problemas sociais de diversos grupos.
Lei da Escravidão
No domingo 16, cerca de 15 mil húngaros também foram as ruas de Budapeste, marcando o quarto dia de manifestações contra o governo de direita do primeiro-ministro Viktor Orban, que vem em uma crescente autoritária.
O protesto contra Orban, chamado pelos organizadores de “Feliz Natal Senhor Primeiro Ministro”, foi o maior movimento organizado por partidos esquerdistas de oposição, formado majoritariamente por estudantes e civis. Sindicatos também se juntaram ao protesto.
Manifestantes carregavam bandeiras da Hungria e da União Europeia conforme caminhavam pela histórica Praça dos Herois rumo ao parlamento. Os húngaros protestam contra o que chamam de “lei da escravidão”, que permite a empregadores exigir até 400 horas-extras ao ano e atrasar salários por até três anos.
Ao chegar às instalações da rede pública de televisão, líderes do grupo esperavam ler uma declaração ao vivo, sendo impedidos de última hora. Eles passaram então a arremessar bombas de fumaça, que a polícia retaliou com gás lacrimogênio. O governo também aprovou uma lei para estabelecer novos tribunais administrativos, subordinados ao governo, que cuidarão de temas sensíveis como a lei eleitoral, protestos e acusações de corrupção.
Em resposta, faixas da passeata levavam mensagens como “Tudo que quero de Natal é democracia” e “Justiça independente”.
Os protestos são os primeiros a unir todos os partidos de oposição, do ambientalista ao de direita, desde que Orban assumiu o poder em 2010. É a ação mais violenta na Hungria em 10 anos, com dezenas de pessoas presas e muitos policiais feridos.
O primeiro-ministro foi reeleito em abril deste ano, apoiado em uma campanha fortemente anti-imigração, enfrentando uma oposição fraca e fragmentada.
A mídia pró-Orban mostra as manifestações como outra manobra do empresário húngaro-americano George Soros, frequentemente usado pelo governante como bode expiatório. No início deste mês, seu governo forçou a Universidade Central Européia, uma escola particular de pós-graduação fundada por Soros, a deixar a Hungria, como parte da luta de anos do político contra o bilionário.
Orban tem entrado em conflito frequente com Bruxelas à medida que estabelece um sistema que seus críticos veem como autocrático, aumentando seu controle sobre a Justiça e a imprensa.
Bruxelas
Na capital belga, um protesto contra o pacto de migração das Nações Unidas terminou em violência quando parte dos manifestantes tentou invadir o prédio da Comissão Europeia. Cerca de 5.500 pessoas caminhavam em passeata organizada por partidos de direita no domingo 16.
O ato era uma resposta ao pacto apoiado por mais de 150 países, incluindo a Bélgica, durante conferência da ONU em Marrakech, no Marrocos, na última semana. O acordo provocou uma ruptura dentro do governo do país, e levou o partido nacionalista N-VA a deixar a coalizão governista do primeiro-ministro Charles Michel.
90 pessoas foram detidas e jatos d’água e gás de pimenta foram usados para dispersar manifestantes que jogavam pedras em policiais, quebrando uma janela do prédio da Comissão Europeia, detalhou o jornal De Morgen.
Outras 1.000 pessoas marcharam em contrariedade ao ato organizado pelo N-VA.
O prefeito Philippe Close agradeceu às forças de segurança: “Obrigada aos serviços policiais por assegurarem a ordem em nossa bela cidade mais uma vez.”
Os termos, que não têm validade legal, buscam uma abordagem a imigração que “reafirme a soberania dos Estados ao determinar sua política nacional”, e destaca a importância “fundamental” da migração legal.
Críticos defendem que o pacto incentivaria a entrada no continente.