Terceiro filho do antigo ditador líbio Muamar Kadafi, morto ano passado, Saadi Kadafi afirmou nesta sexta-feira em uma entrevista a um canal de TV que a Líbia está perto de uma “rebelião iminente”, sugerindo uma reviravolta após a queda do pai e a formação de um governo provisório pelo Conselho Nacional de Transição (CNT). Ele disse ainda manter contatos regulares com pessoas descontentes com as autoridades que tomaram o poder no país.
Entenda o caso
- • A revolta teve início no dia 15 de fevereiro, quando 2.000 pessoas organizaram um protesto em Bengasi, cidade que viria a se tornar reduto da oposição.
- • No dia 27 de março, a Otan passa a controlar as operações no país, servindo de apoio às tropas insurgentes no confronto com as forças de segurança do ditador, que está no poder há 42 anos.
- • Após conquistar outras cidades estratégicas, de leste a oeste do país, os rebeldes conseguem tomar Trípoli, em 21 de agosto, e, dois dias depois, festejam a invasão ao quartel-general de Kadafi.
- • A caçada pelo coronel terminou em 20 de outubro, quando ele foi morto por rebeldes em sua cidade-natal, Sirte. Um mês depois, seu filho e herdeiro político Saif al Islam foi capturado durante tentativa de fuga.
Leia mais no Tema ‘Confrontos na Líbia’
“Antes de mais nada, não vai ser uma rebelião limitada a algumas áreas. Ela vai cobrir todas as regiões da Jamahiriya (nome do regime líbio na época de Kadafi), e essa rebelião existe, estou acompanhando e testemunhando-a ao crescer a cada dia. Haverá uma grande rebelião no sul, no leste, no centro e no oeste. Todas as regiões da Líbia vão testemunhar essa nova rebelião popular”.
Falando por telefone ao canal Al Arabiya, Saadi Kadafi, de 38 anos, disse que também deseja voltar à Líbia. Ele está refugiado no Níger desde agosto, após as forças de oposição ao antigo regime terem tomado a capital Trípoli.
“Temos de exercer pressão para mudar essa situação e remover esse mal que existe na Líbia. Não conhecemos coisas como eleições. Somos uma nação muçulmana”, declarou Saadi, que ainda exortou a população a se voltar contra as forças paramilitares do governo provisório: “O povo líbio deveria se resolver contra essas milícias e contra essa situação em deterioração. O CNT não é um órgão legítimo e não controla as milícias”.
O governo provisório líbio promete realizar eleições no próximo mês de junho, mas ainda tem dificuldades para restaurar os serviços públicos e conciliar facções armadas. Com isso, a situação na Líbia ainda é bastante instável quase um ano depois do início da revolta que tirou Kadafi do poder, onde o tirano estava havia 42 anos.