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Filho de brasileiros, deputado eleito nos EUA admite mentiras em currículo

George Santos, que assume o cargo em janeiro, mentiu sobre seu histórico profissional e acadêmico, além de ser acusado de estelionato no Rio de Janeiro

Por Matheus Deccache Atualizado em 27 dez 2022, 10h38 - Publicado em 27 dez 2022, 10h29
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  • Eleito em novembro para representar o 3º distrito de Nova York, George Santos, que é filho de brasileiros, admitiu nesta terça-feira, 27, uma lista de mentiras, que passa por sua formação profissional e acadêmica até propriedades. Apesar da decisão de abrir o jogo, depois de uma investigação do The New York Times, Santos disse que está determinado a fazer o juramento de posse em 3 de janeiro para assumir o cargo de deputado pelo Partido Republicano. 

    Santos, que nasceu nos Estados Unidos mas é filho de uma mineira e um santista que emigraram do Brasil, foi acusado de estelionato no Rio de Janeiro em 2008 e de ter mentido sobre sua trajetória acadêmica e profissional na última quinta-feira, 22. 

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    Entre as mentiras está a alegação de que trabalhou para o Citigroup como “um gerente associado de ativos” e no banco Goldman Sachs, duas firmas de destaque em Wall Street. Entretanto, nenhuma das empresas tem registro do republicano como funcionário. Na campanha, ele disse ainda que tinha 13 propriedades imobiliárias em seu nome, algo que também foi desmentido. 

    “Meu pecado foi ter embelezado meu currículo”, disse ele ao The New York Post, em uma das várias entrevistas que concedeu nesta semana. 

    O deputado, o primeiro republicano abertamente gay a ganhar um assento na Câmara, também reconheceu dever milhares de dólares em aluguéis que não foram pagos e falou ainda sobre um casamento de um ano que não havia sido revelado. 

    “Eu namorei mulheres no passado. Eu casei com uma mulher. Mas eu estou bem com a minha sexualidade, as pessoas mudam”, disse ele. 

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    Santos já havia mentido sobre seu currículo nas eleições passadas e reconheceu que passou por uma série de dificuldades financeiras que o deixou devendo milhares de dólares a proprietários e credores. No entanto, na última campanha ele conseguiu arrecadar uma quantia de 700.000 dólares (R$ 3,6 milhões), algo que não foi completamente explicado por ele. 

    Em relação à acusação de estelionato, o filho de brasileiros negou veementemente e disse que nunca cometeu nenhum crime em qualquer lugar do mundo, embora os registros obtidos pelo New York Times apontem o contrário. 

    No processo, ele é identificado pelo nome completo e data de nascimento, bem como pelos nomes da mãe e do pai. Os documentos mostram ainda que Santos confessou o crime e foi indiciado, mas que o caso continua sem solução porque as autoridades não conseguiram localizá-lo posteriormente.

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    Outra investigação, esta feita pela CNN, aponta que ele mentiu também sobre sua religião ao dizer que era judeu, incluindo que seus avós maternos nasceram na Europa e emigraram para o Brasil durante o Holocausto.

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    “Nunca afirmei ser judeu. Sou católico. Como descobri que minha família materna tinha origem judaica, disse que era judeu”, afirmou. 

    Ao longo de suas campanhas, Santos afirmou ter se formado no Baruch College em 2010 e sua biografia no site do Comitê Nacional Republicano do Congresso aponta que ele também foi aluno na Universidade de Nova York, mas as instituições não conseguiram localizar registros que comprovem sua passagem.

    Sobre isso, ele se disse arrependido e envergonhado, completando que todos fazem besteira em algum momento da vida. Sobre as empresas Goldman Sachs ou o Citigroup, ele culpou uma “má escolha de palavras” que passaram a impressão de que ele trabalhou para elas.

    Uma versão arquivada de seu antigo site de campanha preservado pelo Internet Archive’s Wayback Machine diz que ele “começou a trabalhar no Citigroup como associado e rapidamente avançou para se tornar um gerente de ativos associado no mercado real divisão de ativos da empresa”. 

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    Apesar da série de irregularidades e mentiras, Santos dificilmente será impedido de assumir o cargo conquistado no Congresso. Muitos democratas, incluindo a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, e o próximo líder da minoria democrata, o deputado Hakeem Jeffries, de Nova York, sugeriram que ele não está apto para preencher a vaga, mas a Casa só pode impedir que candidatos tomem posse se violarem os requisitos constitucionais de idade, cidadania e residência estadual.

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    Após assumir o posto, no entanto, ele pode enfrentar algumas investigações éticas. De acordo com especialistas jurídicos, as maiores preocupações são em relação às divulgações financeiras, onde Santos disse ter ganhado milhões de dólares, mesmo não havendo nenhum comprovante de sua remuneração. 

    Nos Estados Unidos, omitir intencionalmente ou deturpar informações em uma divulgação financeira do Congresso é considerado um crime federal.

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