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Família judia tenta recuperar seu Picasso vendido para fugir da Alemanha

Após 85 anos, herdeiros levaram disputa de propriedade da obra 'Mulher passando roupa' para os tribunais de Nova York

Por Da Redação
Atualizado em 27 jan 2023, 11h00 - Publicado em 27 jan 2023, 10h58

Em 1938, uma família judia vendeu uma pintura de Pablo Picasso para arcar com os custos de vistos para escapar da Alemanha nazista. Agora, os herdeiros lutam na justiça para recuperar a obra.

Karl e Rosi Adler fugiram da Alemanha nazista temendo a crescente perseguição aos judeus no país. Para isso, o casal precisou vender um de seus bens mais valiosos: a pintura “Mulher passando roupa”, que hoje é exposta no Museu Guggenheim, em Nova York.

A obra foi pintada por Picasso em Paris, no ano de 1904. Ela faz parte da fase conhecida como o “Período Azul” do pintor, cor predominante em seus quadros de então.

Em 1916, a pintura foi comprada por Heinrich Thannhauser, dono de uma galeria de arte em Munique, na Alemanha, que era judeu. Os Adler adquiriram “Mulher passando roupa”, mas, quando fugiram do país, venderam-na de volta para o filho de Thannhauser, Justin, que já havia escapado para Paris, por aproximadamente US$ 1.552 (cerca de US$ 32 mil hoje, ou R$ 166 mil).

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Justin Thannhauser deixou sua grande coleção de arte para o Museu Guggenheim quando morreu, incluindo “Mulher passando roupa”. Por décadas, a pintura permaneceu na coleção sem ser contestada, mas, em 2014, uma das netas dos Adler descobriu a história de sua família com a pintura. Desde então, o museu e os herdeiros disputam sua propriedade, o que culminou em um processo judicial aberto em um tribunal da cidade de Nova York na semana passada.

“Adler não teria se desfeito da pintura na época e pelo preço que o fez, a não ser pela perseguição nazista à qual ele e sua família foram e continuaram a ser submetidos”, escreveram os advogados dos herdeiros no processo. Várias organizações judaicas e sem fins lucrativos também são co-autoras no processo.

Os herdeiros argumentam que o valor de venda estava muito abaixo do valor de mercado. Apenas seis anos antes, Adler recebeu uma proposta de US$ 14 mil pelo quadro, mas decidiu não vendê-lo. A família também justifica que, logo após adquirir a pintura, Thannhauser fez um seguro de US$ 20 mil.

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Em entrevista à emissora britânica BBC, o Museu Guggenheim declarou que “leva questões de proveniência e reivindicações de restituição extremamente a sério”, mas “acredita que a reivindicação não tem mérito”. Segundo o museu, antes do processo, como parte de uma pesquisa do museu para confirmar a procedência da pintura, o Guggenheim procurou Eric Adler, filho de Karl e Rosi, que “confirmou as datas de propriedade de seu pai e não levantou nenhuma preocupação sobre a pintura ou sua venda para Justin Thannhauser”.

Obras de arte vendidas ou saqueadas durante a era nazista na Alemanha são uma preocupação constante das autoridades. Muitos judeus que fugiram da perseguição foram forçados a vender bens, incluindo pinturas e outras posses valiosas, para fugir. Outras vítimas do regime nazista tiveram seus bens roubados.

De acordo com os Princípios de Washington sobre Arte Confiscada pelos Nazistas, assinado em 1948 por 44 nações, “medidas devem ser tomadas rapidamente para alcançar uma solução justa e justa, reconhecendo que isso pode variar de acordo com os fatos e circunstâncias de um caso específico”.

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Entretanto, para o Guggenheim, “Mulher passando roupa” não pode ser considerada uma obra de arte confiscada pelos nazistas. O museu argumenta que os Adler não venderam a pintura na Alemanha nem para um membro do Partido Nazista, mas a um colecionador de arte judeu de Paris.

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