Um software com defeito pode ter contribuído para o acidente de avião que deixou três mortos e mais de cem feridos em julho do ano passado, em São Francisco, no estado americano da Califórnia. A companhia aérea Asiana Airlines afirmou à Junta Nacional de Segurança de Transporte que o problema no programa “levou ao inesperado desligamento da proteção da velocidade, sem um aviso adequado à tripulação”. Alegou ainda que o sistema que deveria advertir a tripulação sobre a velocidade muito baixa não emitiu o alerta rápido o suficiente para evitar o choque com a pista do aeroporto internacional.
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A Asiana Airlines apresentou a falha no programa como causa secundária para o acidente, que tem como foco principal de investigação um erro da equipe na cabine de comando. As conclusões do órgão de segurança não são admissíveis nos tribunais, mas geralmente incluenciam a forma como os danos são divididos pelas companhias de seguro e pela fabricante da aeronave. A medida poderia obrigar a Boeing a arcar com a reforma da pista ou com as despesas referentes ao julgamento, informou o jornal The New York Times.
Segundo o relato da companhia aérea, a tripulação acreditava que o sistema automático do manche manteria a velocidade necessária para a aterrissagem. As autoridades constataram dias após o acidente que uma irregularidade no manche e no piloto automático, dois sistemas interligados na aeronave, aliado ao fato de a tripulação ter deslocado o manche em determinado momento do voo, levaram o sistema a entrar no modo “sleep”. Thomas Haueter, um ex-diretor do órgão que regula a segurança na aviação, destacou que não há proteção alguma para os pilotos quando o manche assume essa característica.
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O acidente – A Boeing afirmou que “todos os sistemas da aeronave funcionavam como o esperado antes do impacto e não contribuíram para o acidente”. A empresa acrescentou que a tripulação devia ter observado uma série de sinais que indicavam a baixa velocidade da aeronave antes da aterrissagem e a posição errada em que o manche se encontrava. Em 2010, a fabricante foi notificada que o sistema de manutenção da velocidade dos seus aviões vinha entrando no modo “sleep” de forma errônea. A fabricante, no entanto, negou-se a fazer alterações e concordou com os órgãos de segurança em colocar apenas um alerta nos manuais dos pilotos.
Os dados registrados apontaram que o avião voava em velocidade e altitude diferentes das recomendadas para pouso no aeroporto. Sete segundos antes do desastre, soou na cabine o alarme indicativo da necessidade de aumentar a velocidade. Três segundos depois, disparou o aviso de estol (perda de sustentação). Apesar dos avisos, só um segundo e meio antes do choque os pilotos tentaram arremeter. Em circunstâncias iguais a essa, devido à velocidade baixa, a aerodinâmica do Boeing 777 faz o nariz do avião levantar. Nessa posição, a cauda chocou-se contra o quebra-mar que separa a pista da baía. O avião partiu-se e muitos passageiros foram jogados na pista. A própria companhia aérea apontou, logo após o acidente, os erros da tripulação.