A secretária de Energia dos Estados Unidos, Jennifer Granholm, disse nesta sexta-feira, 30, que a Rússia “parece” ser a culpada pelos vazamentos que atingiram os gasodutos Nord Stream 1 e Nord Stream 2 nesta semana.
Em entrevista à rede BBC, Granholm disse que o país está realizando uma investigação sobre aquilo que chamou de “um ato de sabotagem”, acrescentando que é altamente improvável que incidentes desta natureza sejam coincidência. Até o momento, ainda não há evidências suficientes que indiquem que os vazamentos foram fruto de sabotagem.
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Nesta semana, a Rússia rejeitou as acusações de que poderia ser culpada e disse que as alegações de que havia danificado os gasodutos eram “estúpidas e absurdas”. O país, juntamente com parceiros europeus, gastaram bilhões de dólares para construí-los.
O Kremlin, no entanto, também acredita que os danos foram causados de maneira proposital. Em telefonema com o presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, Vladimir Putin descreveu o incidente como uma “sabotagem sem precedentes e um ato de terrorismo internacional” e disse que levará o assunto de maneira urgente para o Conselho de Segurança da ONU.
Anteriormente, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, havia insinuado que os Estados Unidos poderiam estar por trás dos vazamentos, uma vez que o não funcionamento dos gasodutos aumenta a venda do gás natural americano. Em resposta, a Casa Branca rejeitou as acusações.
Especialistas divergem a respeito do assunto. Enquanto uns afirmam que é bastante improvável que tenha ocorrido um acidente, como o lançamento de uma âncora que atravessou o gasoduto, por exemplo, outros dizem que a alta pressão do fundo do mar dificulta a detonação de explosivos.
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Por parte da Rússia, a possibilidade de um ato proposital se torna ainda mais improvável quando grande parte da guerra na Ucrânia é financiada pelo dinheiro oriundo do transporte de gás.
No momento do incidente, o produto não estava sendo transportado, motivo que, para Granholm, prova que a Rússia não pode ser considerada uma “parceira de energia confiável”.
“Nenhum país quer correr o risco de colocar uma quantidade significativa de sua demanda de energia para o abastecimento da Rússia. Acho que isso acelera o esforço da União Europeia para se tornar independente de energia por meio de energia limpa”, disse ela.
A questão energética tem tido um impacto profundo no aumento dos preços globais de energia, sendo os principais responsáveis pelo aumento da inflação no Reino Unido, UE, e Estados Unidos.
Para a secretária, essa dificuldade na obtenção do gás tem feito com que os países reavaliassem de onde obtém sua fonte energética, procurando maneiras de se tornarem independentes no setor.
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Desse modo, aliado à possibilidade de cumprir as metas firmadas no Acordo de Paris, a energia eólica, nuclear e solar devem começar a receber maiores investimentos das grandes nações.