Os Estados Unidos anunciaram nesta quinta-feira, 18, que iniciarão negociações comerciais formais com Taiwan, semanas após uma controversa visita a Taipei da presidente da Câmara dos Deputados americana, Nancy Pelosi.
A primeira rodada de negociações deve começar por volta de setembro ou outubro, disse o Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos. As discussões vão incluir pontos como a facilitação do comércio, comércio digital e padrões anticorrupção.
A Iniciativa Estados Unidos-Taiwan sobre o Comércio do Século 21 foi divulgada pela primeira vez em junho, e ambos os lados disseram agora que “chegaram a um consenso sobre o mandato de negociação”.
“Planejamos seguir um cronograma ambicioso, que ajudará a construir uma economia do século 21 mais justa, próspera e resiliente”, disse a vice-representante comercial dos Estados Unidos, Sarah Bianchi, em comunicado.
O comércio entre os Estados Unidos e Taiwan totalizou quase US$ 106 bilhões (R$ 548 bilhões) em 2020.
O anúncio ocorre no momento em que as relações entre os Estados Unidos e a China ficaram ainda mais tensas. Após a visita de Pelosi, no início de agosto, a China lançou a maior rodada de exercícios militares em torno de Taiwan da história.
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Sob a “política de uma só China”, os Estados Unidos reconhecem e têm laços formais com a China em vez da ilha de Taiwan, mas mantêm um relacionamento “não oficial robusto” com Taiwan, incluindo vendas de armas para a ilha para que ela possa se defender.
Pequim vê a ilha autônoma como seu próprio território por direito, que deve ser unido ao continente – pela força, se necessário. Já Taiwan defende ser uma ilha autogovernada, distinta do continente.
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A ilha tem sua própria constituição, líderes democraticamente eleitos e cerca de 300.000 soldados ativos em suas forças armadas. Contudo, apenas alguns países reconhecem Taiwan como independente. A maioria reconhece o governo chinês em Pequim, devido ao seu poderio geopolítico, econômico e bélico.
Também nesta quinta-feira, o principal diplomata americano para o Leste Asiático, Daniel Kritenbrink, disse que a “coerção crescente de Pequim ameaça a paz e a estabilidade do Estreito de Taiwan”.
“Continuaremos a tomar medidas calmas, mas resolutas, para manter a paz e a estabilidade diante dos esforços contínuos de Pequim para subjugar a ilha, e vamos apoiar Taiwan de acordo com nossa política de longa data”, disse.