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EUA classificam repressão a muçulmanos uigures na China como ‘genocídio’

Pequim é acusada de colocar minoria em campos de concentração onde são 'reeducados'; Denúncia do governo Trump é a mais grave já feita

Por Da Redação Atualizado em 19 jan 2021, 16h35 - Publicado em 19 jan 2021, 16h31

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, declarou nesta terça-feira, 19, que o governo chinês está cometendo genocídio e crimes contra a humanidade por meio da repressão em larga escala de uigures e outras minorias étnicas principalmente muçulmanas na região noroeste de Xinjiang. Funcionários do departamento citam o uso de campos de internamento e esterilização forçada.

“Creio que esse genocídio continua e que assistimos uma tentativa sistemática de destruir os uigures por parte do partido-Estado chinês”, disse em um comunicado. Pompeo também mencionou “crimes contra a humanidade” perpetrados “desde pelo menos março de 2017” pelas autoridades chinesas contra uigures e “outros membros das minorias étnicas e religiosas de Xinjiang”.

A declaração do governo de Donald Trump é a mais forte sobre as ações da China e segue uma declaração da campanha do presidente eleito, Joe Biden, de tom similar. A ação também deve ser a ação final do governo do republicano, que deixa a Casa Branca na quarta-feira 20, e é o culminar de um debate de anos sobre como punir o que muitos consideram os piores abusos dos direitos humanos em Pequim em décadas.

As relações entre os países se deterioraram nos últimos quatro anos, e a nova denúncia contribui para uma longa lista de pontos de tensão. Autoridades de política externa e especialistas de todo o espectro político dos EUA dizem que a China será o maior desafio para qualquer governo nos próximos anos ou décadas.

A determinação de atrocidades é uma ação rara por parte do Departamento de Estado, e pode levar os Estados Unidos a impor mais sanções contra a China sob a nova administração do presidente eleito Joe Biden, que disse no ano passado por meio de um porta-voz que as políticas de Pequim resultaram em “genocídio”.

Genocídio é, de acordo com a convenção internacional, “a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso”.

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Pompeo, os advogados do Departamento de Estado e outras autoridades debateram durante meses sobre a determinação, mas o assunto ganhou urgência nos últimos dias do governo Trump.

Como comum na maioria das políticas sobre o país asiático, a questão de Xinjiang há tempos colocava funcionários do governo uns contra os outros: Pompeo e outros assessores de segurança nacional defendiam medidas duras contra Pequim, enquanto o presidente Trump e os principais conselheiros econômicos ignoravam as preocupações.

O governo chinês rejeitou acusações anteriores de genocídio e outras violações dos direitos humanos em Xinjiang. Em uma entrevista coletiva em Pequim na semana passada, autoridades condenaram políticos e grupos americanos por fazerem tais acusações.

“Essa fabricação totalmente desenfreada de ‘genocídio ’em relação a Xinjiang é a conspiração do século”, disse Xu Guixiang, vice-diretor de propaganda de Xinjiang. “Pessoas de todos os grupos étnicos escolhem independentemente medidas de controle de natalidade seguras, eficazes e apropriadas. Não houve tal problema de ‘esterilização obrigatória’ na região”.

Para desviar as críticas das autoridades americanas, as autoridades chinesas também sublinharam algumas das grandes falhas de governança da administração Trump, incluindo um número de mortos de mais de 400.000 na pandemia de coronavírus e o ataque mortal ao Capitólio por uma multidão incitada por Trump.

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Alguns funcionários do governo dos EUA contrários à ação apontaram que o departamento nunca determinou se o governo de Mianmar cometeu genocídio contra os muçulmanos de etnia rohingya, apesar das fortes evidências do crime. Em 2017, o departamento disse que Mianmar havia cometido “limpeza étnica”.

Biden, crítico ao histórico de direitos humanos na China, usou uma linguagem contundente para descrever suas políticas repressivas.

Em agosto, ele divulgou um comunicado chamando as ações da China de “genocídio” e pressionou o presidente a fazer o mesmo. Trump, ele insistiu, “também deve se desculpar por tolerar esse tratamento horrível dado aos uigures”.

A fala do democrata foi uma referência a um relato de John R. Bolton, ex-conselheiro de segurança nacional de Trump, que revelou em suas memórias que o presidente disse a Xi Jinping, o líder da China, em uma cúpula em 2019 para continuar construindo campos de concentração em Xinjiang.

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