Estados Unidos e Venezuela anunciam retomada de diálogo
Encontro nos bastidores da cúpula da OEA selou a aproximação entre os rivais
O Secretário de Estado americano, John Kerry, disse nesta quarta-feira que concordou com o ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Elías Jaua, em buscar formas para obter relações mais construtivas entre os dois países. Kerry disse que espera que os dois países possam rapidamente nomear embaixadores mútuos, ausentes de ambos os países desde 2010.
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“Nós concordamos hoje (quarta-feira) que gostaríamos de ver nossos países encontrarem um novo caminho adiante, estabelecer uma relação mais construtiva e positiva”, disse Kerry, após uma reunião com Jaua, nos bastidores da Assembleia-Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) na cidade guatemalteca de Antigua. “Para isso, haverá um contínuo e permanente diálogo entre o Departamento de Estado e o Ministério das Relações Exteriores e vamos tentar definir uma agenda de comum acordo pela qual possamos trabalhar juntos.”
“Senti que foi um encontro muito, muito positivo”, disse Kerry, em uma entrevista coletiva realizada depois da reunião de cerca de 40 minutos com o ministro da Venezuela. “Em todo caso, temos fé e confiança de que esta reunião marcará o início de uma relação de respeito entre os governos do presidente Nicolás Maduro e Barack Obama, o que é conveniente aos dois povos e uma garantia de estabilidade”, disse Jaua.
Aproximação – O destino do cineasta Timothy Hallet Tracy foi visto como um teste das intenções de Maduro com Washington, após anos de hostilidade de Chávez, que morreu de câncer em março. A Venezuela anunciou nesta quarta-feira a deportação de Tracy, o acusado de espionagem pelo governo de Caracas. Kerry afirmou que a recente “libertação” por parte da Venezuela é um “desenvolvimento positivo” nas relações entre os dois países.
Durante uma viagem à América Latina no início de maio, o presidente americano Barack Obama chamou as acusações de que Tracy era um espião de “ridículas”, enfurecendo o governo da Venezuela e revivendo acusações de “intromissão imperialista”, rotineiras durante os 14 anos de Chávez no poder. O ex-motorista de ônibus Maduro, que foi eleito presidente em 14 de abril, chegou a descrever Obama como “o grande chefe dos demônios” e emitiu uma nota formal de protesto na época.
Diplomacia – A Venezuela é o principal obstáculo diplomático para os Estados Unidos na América Latina desde a era Hugo Chávez. Ao mesmo tempo, no entanto, a Venezuela também é o quarto maior fornecedor de petróleo para os EUA. O governo americano disse nesta semana que as preocupações permaneciam sobre como as profundas divisões pós-eleitorais na Venezuela seriam resolvidas. A oposição contestou a eleição apertada e disse que a vitória de Maduro foi fraudulenta.
(Com agências France-Presse e Reuters)