O negociador palestino Saeb Erekat atribuiu o discurso hostil desta quinta-feira do presidente americano, Barack Obama, à “parcialidade” dos Estados Unidos em relação à Israel, e denunciou que a mensagem de liberdade e independência apregoada por Washington não se aplica à Palestina.
“Nosso povo manifestou seu sentimento de que o discurso (de Obama) não atende às aspirações dos palestinos de liberdade e de independência, algo que o governo americano pede para todos os povos, exceto para os palestinos”, disse Erekat à AFP.
“É por isto que nosso povo sente a parcialidade dos Estados Unidos como algo insuportável”, revelou Erekat, confirmando que o presidente palestino, Mahmmud Abbas, apresentará nesta sexta-feira o pedido de ingresso da Palestina nas Nações Unidas.
“Apesar desta postura injusta e de toda a pressão, o presidente Abbas fará amanhã o pedido ao Conselho de Segurança da ONU para a admissão do Estado da Palestina”.
O pedido formal ao Conselho de Segurança ocorrerá às 15H35 GMT (12H35 Brasília), antes de Abbas pronunciar seu discurso na Assembleia Geral da ONU, revelou à AFP o representante palestino nas Nações Unidas, Riyad Mansour.
Abbas entregará a carta ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, minutos antes de se dirigir à Assembleia Geral. A proposta será analisada então pelos 15 membros do Conselho de Segurança e avançará com nove votos, mas os Estados Unidos poderão utilizar seu poder de veto como um dos cinco membros permanentes.
Entre os quinze membros do Conselho de Segurança, três “estão sob pressão” dos Estados Unidos para votar contra os palestinos: Bósnia, Gabão e Nigéria.
A França propõe que os palestinos recebam um estatuto “intermediário de Estado observador” e oferece o prazo de um ano para um “acordo definitivo” de paz com Israel.
O presidente da União Europeia, o belga Herman van Rompuy, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, insistem na retomada das negociações diretas entre israelenses e palestinos.
Já o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que é preciso “pressionar Israel para se obter a paz” com os palestinos.
“O problema neste contexto, e serei franco, está no governo israelense. Aqueles que governam este país tomam medidas todos os dias que no lugar de promover a paz levantam novas barreiras”.