Envolvidos em morte de mulher que casou contra vontade da família são condenados
Quatro foram condenados à pena de morte. Farzana Iqbal foi atacada por um grupo de agressores que incluía o pai, dois irmãos e um ex-noivo
A Justiça do Paquistão condenou nesta quarta-feira quatro pessoas acusadas de participar do assassinato de Farzana Iqbal, uma mulher que havia se casado contra a vontade de família e foi morta a pauladas e tijoladas em Lahore, ao leste do país. O pai de Farzana, um irmão, um primo e um ex-noivo foram sentenciados à pena de morte por envolvimento no crime. Outro irmão recebeu uma pena de dez anos de prisão. Ainda cabe recurso contra as sentenças.
Os criminosos disseram que o homicídio foi cometido por uma questão de “honra”. Farzana estaria comprometida com um primo quando terminou o relacionamento para viver com outro homem. Parentes da vítima acusaram seu marido, Muhammad Iqbal, de sequestrá-la e o denunciaram à Justiça. No entanto, a mulher testemunhou e disse ter se casado por vontade própria. Ao chegar à corte para uma audiência judicial, ela e Muhammad foram atacados pelo grupo de agressores — o marido conseguiu escapar.
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A brutalidade do crime, cometido em plena luz do dia, provocou repulsa internacional. A polícia local foi acusada de não agir para impedir a morte de Farzana, mas os oficiais negaram terem se omitido. Segundo a rede britânica BBC, a condenação de parentes à pena de morte em crimes “de honra” é incomum no Paquistão. Analistas dizem que há a possibilidade de os familiares de Farzana terem suas penas reduzidas ou até mesmo serem inocentados com a apelação.
A complexidade da situação ficou evidente depois que veio à tona a informação de que o viúvo havia matado a primeira mulher para se casar com Farzana. Ele só foi liberado pela Justiça depois de ser perdoado pelo filho, o que está previsto na legislação do país.
Cerca de 1.000 mulheres são mortas todos os anos em crimes de honra, conforme dados da Fundação Aurat, uma organização defensora dos direitos humanos no Paquistão. Os números, no entanto, podem ser muito maiores, uma vez que o grupo só contabiliza os casos divulgados pelos jornais. Não há estatísticas oficiais sobre os crimes.