O Irã começou a enriquecer urânio acima do limite estabelecido pelo acordo nuclear de 2015, segundo informações confirmadas pela agência do governo, citando o porta-voz da Organização Iraniana de Energia Atômica.
“Esta manhã, o Irã superou o limite de 4,5% no enriquecimento de urânio”, indicou a Isna, indicando mais um avanço na crise entre Teerã e o governo dos Estados Unidos.
Os líderes iranianos haviam anunciado no domingo 7 que começariam a enriquecer urânio a um nível superior aos 3,67%, definidos no acordo internacional de 2015 sobre seu programa nuclear, assinado por grandes potências como Alemanha, França e China e endossado também pelo então presidente americano Barack Obama.
A Agência Internacional de Energia Atômica das Nações Unidas (IAEA), responsável por verificar a postura nuclear iraniana, ainda indicou que as investidas do país podem levar a novas sanções econômicas dos signatários do acordo.
Um porta-voz da IAEA disse que seu diretor geral, Yukiya Amano, informou aos países membros que os inspetores haviam verificado “o enriquecimento de urânio U- 235 acima da taxa de 3,67%” usando monitores virtuais e amostras coletadas no país do Oriente Médio.
A ruptura da cláusula nesta segunda-feira, 8, confirmada também pela Organização das Nações Unidas (ONU), vem em meio às recentes ameaças do atual líder dos Estados Unidos, Donald Trump, e aos rumores de que o Irã irá começar a enriquecer o urânio a uma taxa acima dos 20% até o final deste ano.
Apesar do avanço representado pelo possível enriquecimento a 20%, o urânio do Irã ainda estaria longe da capacidade para constituir uma bomba nuclear.
Para alimentar uma usina, basta elevar a quantidade do enriquecimento de urânio do tipo U-235 de 0,7% para 3% mas para fazer uma bomba, a concentração tem de ser enorme: no mínimo 90% de U-235, em um processo de alta tecnologia sujeito a diversos problemas.
Resposta Internacional
Ainda nesta segunda, a União Europeia condenou o novo passo iraniano e exigiu que o governo reverta a decisão de aumentar o nível de enriquecimento do urânio.
A porta-voz do bloco econômico, Maja Kocijancic, afirmou que seus líderes estão “extremamente preocupados” com o anúncio de hoje. Eles temem que o Irã possa estar caminhando para o desenvolvimento de uma arma nuclear, algo negado com veemencia pelas autoridades asiáticas.
Teerã afirma que está apenas respondendo ao reestabelecimento das sanções econômicas dos Estados Unidos em 2018, com a saída do acordo comandada por Trump.
O país ainda acusa as potências europeias de falharem com a promessa de proteger a economia do Irã das sanções americanas, insistindo que sua postura atual ainda está alinhada com o acordo de 2015, formalmente conhecido como Plano Compreensivo de Ação Conjunta (JCPOA).
Os iranianos prometeram que irão continuar reduzindo seu comprometimento com as cláusulas a cada 60 dias a não ser que “comecem a ver os benefícios prometidos” pelo acordo.
Também nesta segunda, o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, ameaçou intervir na situação caso a insurgência iraniana ameace a segurança de seu país.
“Me deixe ser claro: o Irã não deveria confundir o comedimento americano com falta de intenção”, falou Pence, durante a reunião de um grupo cristão de apoio a Israel.
“Nós esperamos pelo melhor, mas os Estados Unidos da América e nossos militares estão preparados para proteger nossos interesses e proteger nossos funcionários e cidadãos naquela região”, completou a autoridade.
(com AFP, Reuters)