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Em um navio tão grande, ‘é impossível salvar todo mundo’

Conclusão é de especialista francês, que alerta para a dificuldade do resgate

Por Da Redação
16 jan 2012, 11h59

O tamanho gigantesco dos navios atualmente complicam as operações de resgate em caso de naufrágio, como aconteceu com o cruzeiro italiano Costa Concordia. “O que mais chama a atenção é o tamanho do cruzeiro, quase 300 metros de extensão”, enfatizou Jacques Loiseau, presidente da Afcan (Associação Francesa de Capitães de Navio). “Com frequência advertimos aos meios marítimos sobre esta tendência ao gigantismo dos navios”, observou Loiseau. “Em caso de naufrágio, com tal tamanho, jamais será possível salvar todo mundo, inclusive nas melhores condições.”

Entenda o caso

  1. • O navio Costa Concordia viajava com 4.229 pessoas quando bateu em uma rocha junto à ilha italiana de Giglio, por volta das 21h30 do dia 13 de janeiro (hora local).
  2. • A colisão abriu um grande buraco no casco do navio, que começou a encher de água. O comandante teria tentado se aproxima da ilha, mas a embarcação encalhou em um banco de areia e virou.
  3. • Seis mortos foram confirmados até o momento; ainda há 16 desaparecidos.
  4. • Os trabalhos de buscas são coordenados com a tarefa de retirar as 2.400 toneladas de combustível do navio, sob o risco de contamição da área do naufrágio.

Com seus 290 metros de extensão, o Costa Concordia podia receber até 3.780 passageiros, o que exigiu uma tripulação de 1.000 pessoas. Cerca de 4.200 passageiros e tripulantes estavam a bordo do navio quando este encalhou numa rocha e naufragou, matando seis pessoas. Alguns navios ou ferrys podem receber até 6.000 passageiros e 2.000 membros da tripulação.

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Gigantismo – Essa tendência ao gigantismo dos navios preocupa as autoridades. Prova disso é que este foi o tema de um exercício de resgate no Canal da Mancha em setembro passado, dentro do fórum da Guarda Costeira do Atlântico Norte (North Atlantic Coast Guard Forum, em inglês), que reuniu 20 países.

“O aumento considerável do número de passageiros a bordo dos navios acarreta novas obrigações vinculadas à segurança das embarcações”, observa o documento de apresentação do exercício da Guardex. “No caso de um desastre, seria difícil para um único país fornecer todos os meios de socorro necessários, e seria imprescindível uma operação internacional”, adverte o texto. Em caso de naufrágio ou desastre em um destes navios, a evacuação e o resgate dos passageiros se tornam operações de grande complexidade, com um risco muito grande de perdas humanas, enfatizou o documento.

O exercício de 2011 simulava um incêndio em um ferry gigantesco – 4.000 passageiros e 1.000 membros da tripulação – entre a costa norte de Bretanha, na França, e um porto da Grã-Bretanha. No mar, em caso de acidente, “pode-se evacuar 10 ou 20 pessoas graças aos helicópteros. Mas 2.000 ou 3.000 passageiros é impossível”, admite a prefeitura marítima do Atlântico.

Galeria de fotos: As impressionantes imagens do naufrágio do transatlântico

Idiomas – Outra dificuldade no caso do Concordia foi a diversidade dos idiomas, tanto entre os passageiros, que pertenciam a 60 nacionalidades diferentes, como entre os tripulantes. Segundo a companhia Costa Cruzeiros, proprietária do navio, a tripulação estava composta por 40 nacionalidades diferentes, em sua maioria asiáticos. De acordo com um colombiano que trabalhava no barco, “a tripulação asiática, que representava praticamente a metade, falava muito mal o inglês e se comunicava por sinais” com os passageiros e o resto da tripulação.

A diversidade dos idiomas “é um fator determinante nos momentos importantes” nas operações de socorro. “É preciso bastante treinamento para superar este obstáculo porque o pânico atrapalha a comunicação”, concordou Loiseau. As ordens devem ser repetidas em diversos idiomas dos passageiros e os membros da tripulação na maioria das vezes carecem do conhecimento das palavras necessárias nestes momentos, completa ele.

(Com agência France-Presse)

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