Em último sermão, Bento XVI relata ‘momentos difíceis’
Em sua audiência pública final, que reuniu mais de 100 mil pessoas na Praça São Pedro, papa afirmou, ainda, que 'amar a Igreja significa também ter coragem de tomar decisões difíceis'
O papa Bento XVI afirmou, em sua última audiência pública antes de encerrar seu pontificado, que em seus quase oito anos de papado teve episódios de alegria e luzes, mas também “momentos difíceis”. Mesmo assim, disse, sempre se sentiu guiado e protegido por Deus.
“O Senhor nos deu muitos dias de sol e ligeira brisa, dias nos quais a pesca foi abundante, mas também momentos nos quais as águas estiveram muito agitadas e o vento contrário, como em toda a história da Igreja, e o Senhor parecia dormir”, afirmou o papa em seu sermão.
Bento XVI disse, ainda, que se sentiu como São Pedro com os apóstolos na barca no lago da Galiléia e que sempre soube que o Senhor estava na barca. “É Ele quem a conduz, certamente, através dos homens que elegeu. Esta é uma certeza que nada pode ofuscar e é por isso que meu coração está cheio de agradecimento a Deus”.
Em outro momento, o pontífice afirmou que “amar a Igreja significa também ter coragem de tomar decisões difíceis, tendo sempre presente o bem da Igreja”. Ele ressaltou que suas forças diminuíram, mas que não deixará o papado por seu bem particular. “Dou este passo sabendo sua profunda gravidade, mas com um ânimo sereno”, disse.
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Multidão – Mais de 100.000 pessoas, incluindo muitos cardeais, bispos e personalidades, acompanharam a última bênção de Bento XVI na Praça São Pedro, no Vaticano. O evento, que normalmente seria realizado dentro de uma sala na Basílica de São Pedro, foi realizado ao ar livre devido ao imenso interesse despertado pelo caráter histórico – Bento XVI deixará o papado nesta quinta-feira. Segundo o Vaticano, 50.000 ingressos foram distribuídos.
Aclamado pela multidão ao chegar, o papa percorreu lentamente a Praça de São Pedro, a bordo do papamóvel e a pé, e beijou duas crianças.
O papa também agradeceu a presença de fiéis e disse estar comovido. “Vejo que a Igreja está viva”, disse. “Minha decisão de renunciar ao Ministério petrino não revoga a decisão que tomei em 19 de abril de 2005 (quando foi eleito papa). Não retorno à vida privada, a uma vida de viagens, encontros, conferências. Não abandono a cruz, sigo de uma nova maneira com o Senhor Crucificado. Sigo a seu serviço no recinto de São Pedro”, afirmou.
O alemão Joseph Ratzinger, seu nome civil, de 85 anos, causou espanto ao anunciar a renúncia, em 11 de fevereiro, alegando falta de forças para seguir adiante de uma igreja de 1,2 bilhão de fiéis, que enfrentou uma série de escândalos nos últimos anos.
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(Com agências Reuters, AFP e Efe)