Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Em feito inédito, principais pastas do Reino Unido não têm homens brancos

Entre escolhidos estão Kwasi Kwarteng, primeiro ministro das Finanças negro, e James Clerverly, primeiro ministro das Relações Exteriores negro

Por Da Redação Atualizado em 7 set 2022, 08h58 - Publicado em 7 set 2022, 08h54

Empossada na terça-feira, 6, como nova premiê do Reino Unido, Liz Truss montou um gabinete no qual, pela primeira vez, nenhum homem branco estará no comando das quatro principais posições ministeriais. Entre os escolhidos estão Kwasi Kwarteng, cujos pais imigraram de Gana na década de 1960, que será o primeiro ministro das Finanças negro da história britânica, e James Clerverly, o primeiro ministro das Relações Exteriores negro.

Kwarteng, aluno da escola de elite Eton College, frequentada por múltiplos ex-primeiros-ministros, incluindo Boris Johnson, também, estudou em Cambridge. Com pós-doutorado em História da Economia, é visto como um dos pesos pesados intelectuais do partido.

+ Liz Truss promete ação imediata contra crise energética no Reino Unido

Cleverly, filho de mãe negra de Serra Leoa e pai branco, no passado já se manifestou sobre bullying que sofreu durante a infância e adolescência e afirmou que o Partido Conservador precisa se movimentar mais para atrair eleitores negros. Visto como pragmático, já ocupou cargos voltado para Europa e Oriente Médio, além de ser secretário da Educação nos últimos dias do governo de Johnson.

Continua após a publicidade
---
Combinação de fotografias de Suella Braverman, nova ministra do Interior; James Cleverly, novo ministro das Relações Exteriores; Therese Coffey, nova ministra da Saúde; e Kwasi Kwarteng, novo ministro das Finanças. 06/09/2022 (Isabel Infantes/AFP)

Já Suella Braverman, filha de imigrantes do Quênia e das Ilhas Maurício, chega ao gabinete como ministra do Interior, com foco em polícia e imigração.

Por fim, entra em cena Therese Coffey, que é branca, mas assume como a primeira vice-primeira-ministra mulher do país. Também no comando da Saúde, a aliada de longa data de Truss terá a missão vital de aliviar o Serviço Nacional de Saúde (espécie de SUS britânico).

Continua após a publicidade

+ ‘Vamos sair mais fortes’: Boris Johnson se despede em Downing Street

Apesar dos avanços em representatividade, as pastas voltadas para empresas, justiça, serviços civis e Exército ainda são majoritariamente brancas. Apenas em 2002, por exemplo, o Reino Unido teve seu primeiro ministro de gabinete étnico, quando Paul Boateng foi nomeado para comandar as Finanças.

A representatividade, no entanto, não significa avanço de pautas progressistas. Todos os escolhidos seguem os ideias da nova premiê, que tem como modelo a ex-líder Margaret Thatcher, a Dama de Ferro.

Continua após a publicidade

Em 2016, Kwarteng, novo ministro das Finanças, definiu como “animador” o aumento de parlamentares com origens étnicas diversas, mas ressaltou para que “não esperem que todos sejam defensores vocais de suas comunidades étnicas”.

Apesar de esforços recentes, apenas um quarto dos membros do partido é formado por mulheres e apenas 6% são de origens minoritárias. Eleitores de minorias étnicas tendem a apoiar o Partido Trabalhista e, frequentemente, acusam o partido governista de racismo, misoginia e islamofobia.

Em 2019, o ex-premiê Boris Johnson se desculpou por descrever mulheres muçulmanas que vestem burcas como parecidas com “caixas de correio”.

Continua após a publicidade

Promessas de Truss

A escolhida do Partido Conservador para ser a nova primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, assumiu o cargo oficialmente nesta terça-feira, prometendo ação imediata para enfrentar um dos períodos mais turbulentos da história do país, liderado por contas de energia crescentes, uma recessão iminente e conflitos industriais.

+ Quem é Liz Truss, sucessora de Johnson como premiê do Reino Unido

“Agora enfrentamos fortes ventos contrários globais causados ​​pela terrível guerra da Rússia na Ucrânia e as consequências da Covid-19. Mas estou confiante de que juntos podemos enfrentar a tempestade. Podemos reconstruir nossa economia e podemos nos tornar o Reino Unido moderno e brilhante que sei que podemos ser”, disse a ex-secretária de Relações Exteriores em seu primeiro discurso à porta de Downing Street, sede do governo. 

Continua após a publicidade

Em seu discurso, ela definiu as três prioridades de seu governo: aumentar o crescimento da economia por meio de cortes de impostos, lidar com a alta dos custos de energia a partir desta semana e garantir que as pessoas recebam os cuidados necessários do Serviço Nacional de Saúde. 

No entanto, o processo não será fácil. O Reino Unido enfrenta uma economia em crise com a inflação atingindo o maior valor dos últimos 40 anos, um aumento do custo de energia – que deve subir ainda mais – e o alerta de uma grande recessão ainda para este ano. 

Comandado pelos conservadores desde 2010, o Reino Unido lida com a possibilidade de uma crise energética que pode fazer com que pelo menos uma em cada três famílias sofram de pobreza em 2023. As contas de energia devem saltar 80% em outubro, embora exista a possibilidade de que Truss congele as contas como parte do plano de 100 bilhões de libras. 

Seu plano de reviver o crescimento por meio de cortes de impostos, ao mesmo tempo em que fornece cerca de 100 bilhões de libras para energia, abalou os mercados financeiros, levando os investidores a abandonar a libra e os títulos do governo nas últimas semanas. 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.