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Em Cuba, Dilma prefere evitar os assuntos controversos

Economia será o foco da agenda da presidente brasileira, que deve deixar de fora da pauta discussões sobre direitos humanos e os opositores ao regime

Por Da Redação
31 jan 2012, 10h17

Dilma Rousseff chegou a Cuba na noite de segunda-feira, mas é somente nesta terça que ela tem compromissos oficiais, como um almoço com o presidente Raúl Castro à tarde. Pouco antes, segundo a agenda oficial divulgada, os dois participam de uma cerimônia de assinatura de atos, na qual a economia deve ser o foco principal. Extraoficialmente, sabe-se que a presidente brasileira encontrará o ex-ditador Fidel Castro, mas por motivos de segurança a comitiva só deve ser informada do local do encontro momentos antes. Dilma ainda não se pronunciou oficialmente e o tom que usará em seu discurso levanta dúvidas. Não virão, obviamente, notas de repúdio a uma das maiores e mais cruéis ditaduras do mundo – simplesmente para obedecer à diplomacia de não se atacar um “inimigo” no território dele. Mas ainda não está clara qual será a postura dela no país onde Lula tratava como “fiéis companheiros” os irmãos Castro: se amistosa como a de seu antecessor ou apenas diplomática sem maiores afagos, como tem mostrado por exemplo com o Irã.

Espera-se que, pelo menos, a presidente não opte por legitimar a postura condenável de Fidel e Raúl, fechando os olhos a todos os crimes já cometidos pelo regime – como fez, por exemplo, seu ministro das Relações Exteriores neste final de semana. No Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, Antonio Patriota disse no final de semana que os direitos humanos “não são uma situação emergencial” no país. O mesmo Patriota já adiantou que a presidente não deve abordar assuntos controversos como esse com Raúl Castro, pelo menos de publicamente, o que já pode minar qualquer esperança da blogueira dissidente Yoani Sánchez, que teve concedido o visto de entrada no Brasil e pediu a Dilma que intercedesse por ela para que seja autorizada a deixar seu país. A audiência solicitada com a presidente brasileira já foi recusada de antemão.

Na chegada a Cuba, Dilma recebeu flores do ministro de Relações Exteriores, Bruno Rodriguez
Na chegada a Cuba, Dilma recebeu flores do ministro de Relações Exteriores, Bruno Rodriguez (VEJA)

Dilma faz sua primeira visita a Cuba como presidente em um momento histórico para o país, que está começando a se apresentar diferente daquele que recebeu o governo antecessor. Hoje, a população já pode planejar a compra de uma casa própria, pela primeira vez em 50 anos. Só agora também é permitido adquirir automóveis novos, não tendo mais de ficar preso aos modelos de antes da revolução de 1959. E esses são apenas dois dos principais tópicos contemplados no pacote de reforma econômica aprovado por Raúl Castro no fim de 2010. Mas o governo brasileiro sabe que nada disso ocorreu por um repentino ataque de bondade do regime cubano. Todas as mudanças anunciadas até aqui – que ainda não entraram efetivamente em vigor – fazem parte de uma pressão ao país que precisa se abrir economicamente se não quiser falir de vez. Por isso, não cabem elogios nem à decisão de limitar a 10 anos os principais cargos políticos do país, já que não foi esclarecido ainda se a medida atinge ou não o atual governo.

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Cuba é outra – ou quase. Nosso presidente também. Espera-se que o discurso e a postura do país frente aos Castro também seja.

Leia na coluna Radar, por Lauro Jardim:

“Pelo visto, se coubesse à Maria do Rosário (ministra dos Direitos Humanos de Dilma) escolher integrantes de uma hipotética Comissão da Verdade em Cuba, ela seria composta somente pelos integrantes da ditadura dos irmãos Castro.”

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