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Eleita pela 2ª vez, Bachelet diz que é hora de mudar o Chile

Nova presidente terá dificuldade para aprovar reformas. Algumas ameaçam modelo econômico que levou país à porta de entrada do Primeiro Mundo

Por Da Redação
16 dez 2013, 04h00

Eleita neste domingo presidente do Chile pela segunda vez, a socialista Michelle Bachelet, de 62 anos, prometeu em seu discurso da vitória iniciar “transformações profundas” no país a partir de março do ano que vem, quando assume novamente o cargo que ocupou entre 2006 e 2010. Ela disse ainda que existem as condições econômicas e políticas para levar adiante as propostas que apresentou durante a campanha presidencial, mas admitiu não ser tarefa fácil levar as reformas adiante.

“Obrigado por fazer com que esta cidadã, igual a vocês, seja hoje uma presidente tão afortunada”, afirmou à multidão que comemorava sua vitória em frente a um hotel de Santiago. “Agora o Chile olhou para si mesmo e decidiu que é momento de iniciar transformações profundas”, acrescentou a presidente eleita no segundo turno com 62,16% dos votos, contra 37,83% da candidata governista Evelyn Matthei.

A vitória de Bachelet já era aguardada, depois que ela terminou o primeiro turno, no dia 17 de novembro, com mais 46% dos votos, contra 25% de Matthei. No entanto, assim como no primeiro turno, a abstenção foi alta também na segunda etapa, chegando ao histórico nível de quase 59% do eleitorado – dos 13,5 milhões de eleitores que podiam votar, só 5,6 milhões foram às urnas (o voto no Chile não é obrigatório).

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A volta da socialista ao poder foi baseada em propostas que não põem em risco a democracia, mas ameaçam o modelo econômico que colocou o país na porta de entrada no Primeiro Mundo – o Chile é reconhecidamente o mais avançado institucionalmente na América Latina, o que tem relação direta com a adoção de princípios econômicos liberais. Mas Bachelet prometeu eliminar o lucro na educação, promover o avanço estatal no sistema de aposentadorias, reduzir os estímulos para investidores estrangeiros e nacionais e elevar impostos às empresas.

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Assim que assumir a Presidência, ela deve enfrentar dificuldades para aprovar tais propostas, sem falar em outras duas promessas ainda mais ambiciosas: refazer a Constituição e o sistema eleitoral para permitir a reeleição. O primeiro turno, em 17 de novembro, também marcou as eleições legislativas no Chile. A coalizão Nova Maioria, de Bachelet, ampliou sua presença na Câmara e no Senado. Ainda assim, o número é insuficiente para que a esquerdista consiga levar adiante todas as suas propostas de reforma apenas com os deputados e senadores da sua coalizão.

Com a nova configuração no Congresso, ela só conseguiria levar adiante a reforma tributária sem a necessidade de negociar com deputados de partidos não aliados. Para a reforma educacional, Bachelet vai depender do apoio de pelo menos um deputado independente para conseguir os votos necessários – esta reforma é uma demanda dos estudantes que realizaram nos últimos anos uma série de protestos para defender a educação gratuita.

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A socialista defende uma nova Constituição que substitua a herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). Para a reforma constitucional – e também para a eleitoral -, Bachelet terá de eventualmente negociar com a direita. Esta situação ocorre porque o atual sistema vigente no país, projetado ainda durante o regime do ditador, estabelece que é necessário conseguir maiorias específicas para cada reforma.

Para o caso de uma reforma eleitoral, por exemplo, são necessários 60% dos votos das duas Casas Legislativas (72 deputados e 23 senadores), e para o caso de reformas na Constituição, 67% dos votos (80 deputados e 26 senadores). Desta forma, Bachelet não teria outra escolha a não ser depender de seus adversários. Na Câmara, a coalizão da presidente eleita conquistou 67 das 120 cadeiras, e no Senado, ficou com 21 dos 38 assentos.

Em seu primeiro mandato, Bachelet liderou um governo de esquerda que não seguiu as irresponsáveis aventuras bolivarianas que caracterizaram a América Latina no período. Ela acabou deixando a presidência com uma aprovação de 84%, mas falhou em conseguir fazer um sucessor, abrindo caminho para a eleição do atual presidente, Sebastián Piñera.

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(Com reportagem de Jean-Philip Struck e agência EFE)

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