Egípcios seguem Tunísia e vivem seu ‘dia de revolta’
Países têm onda de protestos contra aumento de preços de alimentos, o alto índice de desemprego e a revolta contra corrupção do governo
Nessa terça-feira, 25, milhares de pessoas saíram às ruas do Cairo e de outras cidades do Egito em um grande protesto contra o governo do presidente Hosni Mubarak, que está no poder desde 1981. De acordo com a rede britânica BBC, a polícia da capital usou bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água para enfrentar os manifestantes. O ministério do Interior informou que um policial e dois manifestantes morreram nos enfrentamentos. A campanha, organizada pela internet e batizada de “dia da revolta” , foi inspirada na rebelião que derrubou o ex-ditador tunisiano Zine el Abidine Ben Ali, em 14 de janeiro.
Pela web, ativistas convocaram protestos contra a pobreza e a repressão, coincidindo com um feriado em homenagem à polícia. Os manifestantes também afirmam que as eleições egípcias são fraudulentas. “Abaixo, abaixo Hosni Mubarak”, gritou um grupo em frente a um complexo judicial no centro do Cairo, que ficou cercado por policiais. Na praça Tahrir, também na capital, jovens atacaram um veículo da polícia, abrindo a porta do motorista e pedindo que ele saísse. Os agentes reagiram, batendo com bastões nos manifestantes que tentavam se juntar ao resto da multidão.
“Gamal, avise o seu pai que os egípcios o odeiam”, gritavam manifestantes, referindo-se ao filho de Mubarak, que muitos consideram estar sendo preparado para suceder o pai, de 82 anos. Protestos como estes são incomuns no Egito, onde o presidente está no poder há três décadas. A segurança foi reforçada em diversos pontos da cidade em outras áreas do país, para evitar que os protestos se propagassem.
Internet – A mobilização é também uma espécie de teste para a capacidade dos ativistas de levarem seus protestos da internet para as ruas. O movimento no Cairo foi coordenado por meio de uma página do Facebook, que recebeu milhares de visitas, apesar dos altos níveis de analfabetismo e de o uso da web ser relativamente baixo no país, diferentemente do que ocorre na Tunísia, onde a educação vem melhorando.
Ingredientes politicos – Mesmo com estas diferenças, o Egito apresenta uma série de problemas semelhantes aos que derrubaram o governo tunisiano, como o aumento de preços de alimentos, o alto índice de desemprego e a revolta contra o que os manifestantes qualificam como ” corrupção do governo”.
Eles também pedem a suspensão da lei de emergência que vigora permanentemente no país, restringindo a liberdade civil; a saída do ministro do Interior e a adoção de um limite de tempo ao mandato presidencial, o que pode levar ao fim do governo de Mubarak.
Na Tunísia, o ditador Zine El Abidine Ben Ali, que chegou ao poder em 1987 por meio de um golpe de estado, deixou o governo depois de quatro semanas de protestos.
(Com agências Reuters e Estado)