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Diretor-geral da OMS pede que mundo ‘não politize o vírus’

Em coletiva, Tedros Adhanom respondeu críticas de Donald Trump e ainda afirmou estar sofrendo ataques racistas e ameaças nas redes sociais

Por Da Redação
9 abr 2020, 11h39
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  • O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, pediu nesta quarta-feira 8 ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para “não politizar o vírus”, referindo-se às críticas do americano sobre a relação entre a organização e o governo chinês. Adhanom ainda desabafou sobre ataques racistas e ameaças que está sofrendo em redes sociais.

    “Posso dizer-lhe ataques pessoais que vêm ocorrendo há mais de dois, três meses. Abusos ou comentários racistas, dando-me nomes, preto ou negro. Tenho orgulho de ser negro”, disse o diretor-geral da OMS. Adhanom afirmou que “não se importa com ataques pessoais” e sua única prioridade é salvar vidas.

    Ele também pediu a Washington e Pequim que “juntem forças para combater esse inimigo perigoso”, referindo-se à pandemia de Covid-19. Trump acusou nos últimos dias que a OMS “parece ser muito tendenciosa em relação à China”, depois de lembrar que, no início da pandemia de coronavírus, a organização apontou que proibir viagens ao gigante asiático, epicentro do surto viral, não era aconselhável.

    “Isso não está certo”, disse Trump, lembrando que uma de suas primeiras medidas, em janeiro, foi proibir voos da China. “A OMS realmente errou”, escreveu ele. “Por alguma razão, é amplamente financiada pelos Estados Unidos, mas muito focada na China. Vamos dar uma olhada mais de perto”, acrescentou.

    “Não devemos perder tempo culpando os outros”, disse Tedros em uma conferência de imprensa virtual em Genebra.  “É como brincar com fogo”, disse o líder etíope, que também agradeceu aos Estados Unidos por seu apoio contra a pandemia.

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    Trump deu a entender que suspenderia as contribuições financeiras dos EUA à OMS. O secretário-geral da ONU, António Guterres, endossou Tedros. “Estou convencido de que a OMS deve ser apoiada, porque é absolutamente essencial para os esforços do mundo para vencer a guerra contra o COVID-19”, afirmou em comunicado.

    Uma vez derrotada a pandemia, “haverá tempo para voltar”, disse Guterres. “Agora não é a hora. Agora é a hora da unidade”, acrescentou. O surto do Covid-19 afeta cerca de 1,5 milhão de pessoas em 192 países e territórios e até agora causou mais de 86.000 mortes.

    Adhanon, de 55 anos de idade, é o primeiro africano a assumir o comando da OMS. Nascido em Asmara, na atual Eritreia, em uma família pobre, estudou Medicina, fez mestrado em Imunologia das Doenças Infecciosas na Universidade de Londres e doutorado na Universidade de Nothinghan. Tornou-se um dos pesquisadores mais conceituados sobre a malária – doença que ceifara as vidas de parentes e vizinhos na infância. De ministro da Saúde entre 2005 e 2012, assumiu o Ministério das Relações Exteriores, de onde saltou em 2017 para a OMS com o apoio da maioria dos países-membros da organização. Chegou na organização no momento em que fervilhava a epidemia de ebola na África, conduzida com negligência pela gestão anterior.

    (Com AFP)

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