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Diplomatas: Bolsonaro prejudica imagem do Brasil ao defender golpe de 1964

Em manifesto, funcionários do Itamaraty repudiam declarações do presidente e do chanceler Ernesto Araújo

Por Da Redação
Atualizado em 1 abr 2019, 22h19 - Publicado em 1 abr 2019, 16h39
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  • Um grupo de diplomatas brasileiros divulgou nesta segunda-feira, 1º, um manifesto em repúdio às declarações do presidente Jair Bolsonaro e do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, em defesa do golpe militar de 1964.

    Apoiado por dezenas de diplomatas, o texto não traz autoria explícita devido ao temor de represálias e retaliações por parte do chanceler. Segundo o manifesto, a postura de Bolsonaro e de Araújo em relação ao golpe de 1964 viola “os mais elementares compromissos que regem hoje a inserção internacional do Brasil e trazem danos graves à imagem do país.”

    Os diplomatas também repudiaram as declarações positivas do presidente em relação às ditaduras de Alfredo Stroessner, no Paraguai, e Augusto Pinochet, no Chile. Lembraram que a Comissão Nacional da Verdade fez diversas recomendações ao Itamaraty, “entre elas a de compreender como foi possível ‘se deixar capturar’ pelo envolvimento direto na repressão, com graves consequências para a vida de muitos cidadãos brasileiros”.

    Durante o evento de posse do general Joaquim Silva e Luna, um ex-ministro do governo Michel Temer, como diretor-geral da usina binacional de Itaipu, Bolsonaro homenageou Stroessner, a quem chamou de “estadista”.

    “Isso tudo não seria suficiente se não tivesse, do lado de cá (paraguaio), um homem de visão, um estadista, que sabia perfeitamente que seu país, o Paraguai, só poderia prosseguir, progredir, se tivesse energia. Aqui também a minha homenagem ao nosso general Alfredo Stroessner”, afirmou o presidente, que foi aplaudido na ocasião.

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    O manifesto dos diplomatas também lista uma série de violações cometidas pelo regime militar. “A ditadura instaurada em 1964 cometeu crimes contra a humanidade de forma sistemática e como estratégia para se manter no poder por mais de vinte anos. Assassinou, sequestrou e torturou opositores de diversas correntes ideológicas, entre eles lideranças políticas contrárias à luta armada. Perseguiu funcionários públicos que não se sujeitaram ao arbítrio, inclusive militares e diplomatas.”

    “Censurou as artes, o pensamento e a expressão da pluralidade brasileira. Arrancou de gerações de brasileiros os direitos políticos mais fundamentais. Destruiu famílias, massacrou povos indígenas, estuprou mulheres, torturou crianças. Deixou profundas e deletérias marcas na vida institucional do país, cujas consequências para o efetivo respeito aos direitos humanos ainda hoje enfrentamos”, completa o texto, esmiuçando as consequências da ditadura.

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    Na segunda-feira 25 de março, o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, anunciou que Bolsonaro tinha restabelecido as comemorações do dia 31 de março, aniversário da intervenção militar. A tradição fora banida pela então presidente Dilma Rousseff em 2011. Após uma série de reações negativas, Bolsonaro tentou amenizar a situação e disse que incentivava “rememorar” o período histórico.

    Mas no domingo 31, um número oficial do Palácio do Planalto distribuiu um vídeo que defende o golpe. O material descreve os acontecimentos da data de maneira semelhante à forma como o presidente e alguns de seus ministros tratam do assunto.

    “O Exército nos salvou. O Exército nos salvou. Não há como negar. E tudo isso aconteceu num dia comum de hoje, um 31 de março. Não dá para mudar a história”, diz o vídeo, replicado também pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente.

    Os diplomatas formam a primeira corporação do governo a tecer críticas ao posicionamento elogioso do governo Bolsonaro em relação à ditadura. Entre órgãos não governamentais, o Observatório de Direitos Humanos (HRW) afirmou que o presidente “comemora uma ditadura brutal”. 

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    “Bolsonaro critica com razão os governos cubano e venezuelano por violarem os direitos básicos da população”, disse na última quarta-feira, 27, José Miguel Vivanco, diretor do HRW para as Américas. “No entanto, ao mesmo tempo, ele celebra uma ditadura militar no Brasil que causou um sofrimento indescritível a dezenas de milhares de brasileiros. É difícil imaginar um exemplo mais claro de dois pesos e duas medidas.” 

    No mesmo dia, Ernesto Araújo afirmou que o historicamente reconhecido golpe militar de 1964 não foi um golpe de Estado. “Foi um movimento necessário para que o Brasil não se tornasse uma ditadura, disso não tenho a menor dúvida”, declarou o chanceler durante audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa da Câmara dos Deputados, presidida por Eduardo Bolsonaro. 

    (com Estadão Contéudo)

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