Dados pessoais de líderes mundiais presentes na última reunião do G20 foram acidentalmente expostos pelo Departamento de Imigração da Austrália, informou nesta segunda-feira o jornal britânico The Guardian.
Um funcionário da agência australiana inadvertidamente enviou números de passaporte, detalhes de visto e outros dados pessoais de líderes como Barack Obama, Vladimir Putin e Angela Merkel aos organizadores da Copa da Ásia de futebol, sediada pela Austrália em janeiro. A lista de lideranças que tiveram suas informações divulgadas inclui ainda o presidente chinês, Xi Jinping, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, o premiê indiano, Narendra Modi, o presidente indonésio, Joko Widodo, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, entre outros que participaram da cúpula em novembro, em Brisbane.
O departamento de imigração não considerou necessário informar os líderes da quebra de privacidade, segundo o Guardian. A agência de privacidade foi informada sobre o ocorrido em novembro pelo diretor do setor de vistos da área de imigração. Em um e-mail enviado ao escritório do comissário de privacidade, a falha é atribuída a um funcionário que enviou por engano um e-mail para um membro da organização do torneio de futebol.
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A mensagem informa que tipo de informação foi repassada – nome, data de nascimento, nacionalidade, número do passaporte, número e tipo de visto – e destaca que a causa foi “erro humano”. “O risco permanece apenas na extensão do erro humano, não houve nenhum erro sistêmico ou institucional sobre a violação”.
O e-mail considera ainda “pouco provável que a informação tenha caído em domínio público”, uma vez que a pessoa que recebeu a mensagem por engano apagou o e-mail e “esvaziou a caixa de itens excluídos”. “O comitê de organização local da Copa da Ásia não acredita que o e-mail esteja acessível, recuperável ou salvo em qualquer outro lugar em seu sistema”.
O escritório de imigração recomenda então que os líderes mundiais não sejam informados sobre a violação de suas informações pessoais – não está claro se o departamento acabou notificando posteriormente os países envolvidos. Grã-Bretanha, Alemanha e França possuem diferentes formas de notificação de violação de dados que exigem que os indivíduos afetados sejam informados. O escritório do ministro da Imigração, Peter Dutton, não se pronunciou sobre o caso.
A informação sobre o vazamento vem à tona depois da aprovação de uma controversa lei sobre retenção de dados no país. A regulamentação exige que as companhias telefônicas armazenem alguns tipos de dados telefônicos e de internet por dois anos, questão que levantou questionamentos sobre a salvaguarda da privacidade dos usuários pelas companhias e agências do governo que vão lidar com os dados.
O Departamento de Imigração da Austrália também foi responsável pelo maior vazamento de dados de uma agência governamental da história do país. Em fevereiro do ano passado, o órgão expôs dados pessoais de quase 10.000 detidos, incluindo várias pessoas que haviam pedido asilo na Austrália. As informações foram divulgadas em um arquivo público no site da agência.
(Da redação)