Rio de Janeiro, 22 jun (EFE).- A Cúpula dos Povos, realizada paralelamente à Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), aprovou nesta sexta-feira uma moção de apoio ao presidente do Paraguai, Fernando Lugo, devido ao julgamento político ao qual é submetido e que pode levá-lo a sofrer um impeachment.
A moção de apoio a Lugo foi aprovada por aclamação na sessão de encerramento da Cúpula dos Povos, disseram à Agência Efe fontes da organização do evento.
Os militantes de causas sociais e ambientais protagonizaram um protesto em frente ao consulado do Paraguai no Rio de Janeiro para se posicionarem contra o processo aberto pelo Congresso e que pode pôr fim ao mandato de Lugo.
‘Apesar de estarem sendo respeitados os trâmites burocráticos do Congresso paraguaio, o processo (julgamento político) é suspeito por uma manipulação jamais vista. Por isso suspeitamos de que se trata de uma tentativa de golpe’, afirmou Carlos Henrique Painel, um dos coordenadores da Cúpula dos Povos e membro do Fórum Brasileiro das ONG.
O militante explicou que a moção apoiada pela Cúpula dos Povos tem como objetivo destacar o fortalecimento da democracia na América Latina.
‘O que está ocorrendo no Paraguai é um golpe (de Estado) porque não se respeita a vontade do povo. Querem tirar o poder do presidente Lugo’, afirmou a secretária nacional das mulheres da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Rosane Silva.
De acordo com ela, a CUT, pretende enviar um grupo de representantes a Assunção ‘para reforçar a luta dos trabalhadores paraguaios neste momento em defesa de Lugo’.
‘É outra tentativa de golpe. É muito preocupante para a democracia no continente porque se trata de um golpe institucionalizado. Já não é preciso tropas militares, é um golpe civil para impor os interesses dos grupos econômicos que nunca aceitaram a vitória do presidente Lugo’, acrescentou Sandra Quintela, militante da Rede Jubileu Sul-Américas, organização que defende o reconhecimento da dívida do Brasil com o Paraguai pela hidrelétrica de Itaipu.
O Senado paraguaio iniciou hoje o julgamento político para a cassação de Lugo pelo suposto mau desempenho em suas funções pelo confronto entre policiais e trabalhadores rurais em uma fazenda, no último dia 15, que deixou 17 mortos. EFE