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Cubanos exilados em Miami pedem que Netflix retire filme com Wagner Moura

Roteiro baseado em livro do brasileiro Fernando Morais é encarado como 'propaganda política' a favor do regime de Fidel Castro

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 jul 2020, 15h53 - Publicado em 27 jun 2020, 08h00
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  • Milhares de cubanos exilados em Miami, na Flórida, exigem que a Netflix retire o filme “Wasp Network: rede de intrigas” do catálogo e deixe de exibi-lo nos Estados Unidos. Nesta sexta-feira, 26, um abaixo-assinado na plataforma Change.org já conta com mais de 15.000 assinaturas de pessoas infelizes com a representação dos personagens retratados no filme, inspirado em fatos reais.

    “A comunidade exilada cubana exige que a Netflix retire o filme do catálogo, porque ele defende espiões de Castro, assassinos condenados nos Estados Unidos; e retrata José Basulto como “um Capo” e os cubanos envolvidos na ajuda [aos refugiados] como terroristas”, diz o texto da petição.

    “Wasp Network” é dirigido por Oliver Assayas e baseado no livro “Os Últimos Soldados da Guerra Fria, do escritor brasileiro Fernando Morais. O filme trata da infiltração de espiões do ditador Fidel Castro entre grupos terroristas e de traficantes de drogas exilados em Miami, na década de 90. José Basulto é o fundador de uma organização sem fins lucrativos chamada Irmãos ao Resgate, de ajuda humanitária a refugiados da ditadura, que cegou a articular atentados a bomba em Havana.

    Ambientado no início dos anos 90, o filme conta a história da operação Rede Vespa, que terminou com cinco desses espiões condenados nos Estados Unidos por acusações de assassinato e espionagem – posteriormente libertados em uma troca de prisioneiros entre Cuba e o governo Barack Obama.

    ‘Insulto à verdade’

    Desde o seu lançamento, críticos têm sido desfavoráveis, chamando o filme de propaganda política – além de entediante, injustificadamente longo e mal feito.

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    Sua chegada à Netflix na sexta-feira passada agitou o exílio cubano em Miami. Membros da comunidade se referiram ao filme como  “insulto à verdade”, de acordo com a agência de notícias Efe. Também denunciaram que é uma versão completamente parcial dos eventos, a favor do regime cubano.

    Além disso, Ramón Saúl Sánchez, exilado líder do Movimento Democracia e retratado em “Wasp Network”, anunciou que pretende processar a plataforma.

    O filme, que passou por festivais em Veneza e San Sebastián , é estrelado por Penélope Cruz; a cubana Ana de Armas; o mexicano Gael García Bernal; o venezuelano Edgar Ramírez Arellano; o brasileiro Wagner Moura; o argentino Leonardo Sbaraglia – que interpreta José Basulto –; e o chileno Pedro Pascal.

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    Os personagens que este filme recria, e que Havana considera heróis, foram considerados culpados pela Justiça Americana por assassinatos de pilotos de aviões da ONG Irmãos ao Resgate. Em 1996, Carlos Costa, Mario de la Peña, Armando Alejandre Jr. – americanos de origem cubana – e o cubano Pablo Morales foram abatidos por caças cubanos.

    O regime de Havana tentou justificar a operação, dizendo que os ativistas sobrevoavam o espaço aéreo cubano. Uma investigação da Organização Internacional de Aviação Civil (OAIC) ​​determinou que as aeronaves foram abatidas em águas internacionais. A OAIC disse que autoridades cubanas não cumpriram os protocolos de alerta estabelecidos, nem pediram que os pilotos pousassem em um aeródromo. O abate dos aviões foi condenado pela União Européia e pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.

    Depois que o relatório foi divulgado, o Conselho de Segurança das Nações Unidas adotou uma resolução que condenava o uso de armas contra aeronaves civis e instou o regime a Havana para cumprir as leis internacionais.

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