O governo venezuelano classificou como “insolente” a crítica dos Estados Unidos sobre sua decisão de transferir o ex-prefeito opositor Daniel Ceballos, que se encontra em prisão domiciliar, para a penitenciária, nesta segunda-feira. A decisão da transferência ocorreu às vésperas do protesto que exigirá o referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro.
O Ministério do Interior e da Justiça da Venezuela afirma que os Serviços de Inteligência detectaram que Ceballos, ex-prefeito de San Cristóbal, “pretendia fugir dias antes” de 1º de setembro para “dirigir e coordenar atos de violência no país”. A oposição venezuelana irá às ruas para exigir das autoridades eleitorais que decidam a data de coleta das quatro milhões de assinaturas necessárias para a convocação do referendo revogatório.
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“Ficou evidente a marca e a autoria do golpe de Estado planejado para o próximo 1º de setembro”, de acordo com comunicado do escritório do vice-ministro para a América do Norte da Chancelaria venezuelana.
Em nota, o porta-voz do Departamento de Estado americano, John Kirby, condenou a transferência de Ceballos para a prisão, alegando que “representa um esforço para intimidar e obstaculizar o direito do povo de expressar pacificamente sua opinião” no ato previsto para esta quinta-feira (1º).
Consideradas “insolentes” pelo Ministério venezuelano das Relações Exteriores, as declarações “estimulam e promovem atitudes violentas, extremistas e antidemocráticas na Venezuela, [por aqueles] que já planejaram crimes contra a vida de nossos cidadãos”.
Há um ano em prisão domiciliar por questões de saúde, Ceballos é acusado de incitar a violência nas manifestações contra Maduro em 2014, deixando 43 mortos. O governo também responsabiliza Leopoldo López, que cumpre uma sentença de quase 14 anos de prisão.
Observação internacional
Dirigentes opositores venezuelanos pediram à ONU, nesta segunda-feira, uma observação internacional de sua manifestação de 1º de setembro, assim como uma comissão para avaliar os direitos humanos no país.
O deputado Luis Florido, presidente da comissão de Política Exterior da Assembleia Nacional, controlada pela oposição, se reuniu na sede da ONU, em Nova York, com o guatemalteco Edmond Mulet, chefe de gabinete do secretário-geral, Ban Ki-moon. “Pedimos a observação internacional da manifestação de 1º de setembro”, disse Florido a jornalistas após a reunião.
O parlamentar declarou que independentemente de os representantes da ONU estarem no país, “os olhos do mundo vão estar sobre a Venezuela” no dia do protesto.
O dirigente “exilado” Carlos Vecchio, que acompanhou Florido na reunião, pediu que a ONU designe uma “comissão de alto nível” para abordar o que chamou de “a pior crise deste continente”.
(Com AFP)