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Covid-19: Menos de 15% do mundo detêm mais da metade do estoque de vacinas

Coletivo de organizações não governamentais People's Vaccine Alliance denuncia que quase 70 países pobres só poderão vacinar até 10% de suas populações

Por Da Redação
Atualizado em 11 dez 2020, 16h18 - Publicado em 11 dez 2020, 16h12

Enquanto campanhas de vacinação contra a Covid-19 começam a se disseminar pelo Ocidente, impulsionadas pelo Reino Unido, o coletivo de organizações não governamentais People’s Vaccine Alliance divulgou nesta semana que as grandes potências acumularam tantas unidades de vacinas e possíveis vacinas que os países mais pobres não poderão imunizar suas populações.

Segundo o grupo, Estados representando em conjunto apenas 14% de toda a população mundial compraram mais da metade dos estoques das principais vacinas no mercado.

Mais de 95% de todo o estoque da vacina desenvolvida pela empresa americana Pfizer — o modelo utilizado na campanha de vacinação britânica — foi comprado por “países ricos”, de acordo com o People’s Vaccine Alliance.

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Já a vacina elaborada pela também americana Moderna foi adquirida exclusivamente por “países ricos”.

Nesse contexto, alguns países acumularam um excedente de vacinas. De acordo com o coletivo, o Canadá, por exemplo, comprou unidades suficientes para vacinar cada um dos 37,6 milhões de habitantes cinco vezes.

Em meio à escassez de oferta no mercado, 67 países mais pobres serão capazes de vacinar apenas 10% de suas respectivas populações ao longo de 2021.

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    “Ninguém deve ser impedido de receber uma vacina que salva vidas por causa do país em que vive ou da quantidade de dinheiro em seu bolso”, disse Anna Marriott, diretora de Políticas de Saúde na Oxfam, uma das organizações não governamentais que compõe o People’s Vaccine Alliance. “Mas, a menos que algo mude drasticamente, bilhões de pessoas em todo o mundo não receberão uma vacina segura e eficaz para Covid-19 nos próximos anos”. 

    Já o diretor de Justiça Econômica e Social da Anistia Internacional, Steve Cockburn, ressaltou que “o acúmulo de vacinas mina ativamente os esforços globais para garantir que todos, em todos os lugares, possam ser protegidos da Covid-19″.

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    Em artigo publicado nesta semana pela revista The Atlantic, a jornalista Yasmeen Serhan explica que, segundo especialistas em saúde pública, “sem distribuição igual de vacinas, a pandemia pode continuar a viver residualmente por anos”. Enquanto houver surtos localizados de Covid-19, a doença permanecerá uma ameaça ao mundo inteiro.

    COVAX

    Para democratizar o combate à Covid-19, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lidera uma iniciativa chamada COVAX, incluindo mais de 170 países em um esquema de distribuição de imunizantes.

    Um estudo de novembro da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, porém, apontou que apenas 250 milhões de doses foram compradas sob o projeto COVAX. A quantidade, a depender do modelo de vacina, não seria suficiente para imunizar nem mesmo toda a população do Brasil.

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