Corte suspende pena de morte para responsáveis por linchamento de afegã
Farkhunda foi espancada até a morte após ser falsamente acusada de queimar o Corão
Um tribunal afegão suspendeu a pena de morte imposta a quatro homens que participaram do linchamento de Farkhunda Malikzada, uma jovem que foi atacada por uma multidão sob a falsa acusação de ter queimado um exemplar do Corão. Os homens haviam sido condenados no início de junho, após um julgamento de quatro dias, mas tiveram sua apelação ouvida pelo tribunal do Afeganistão.
Imagens gravadas com aparelhos celulares mostraram o momento em que a jovem de 27 anos foi assassinada. Farkhunda foi chutada diversas vezes e atingida com pedaços de madeira. Posteriormente, ela foi jogada de uma ponte e ainda teve seu corpo arrastado por um carro e, por fim, queimado.
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Um dos absolvidos da pena de morte foi o mulá Zainuddin, responsável por incitar o linchamento da mulher após uma discussão. Membros da família de Farkhunda e ativistas dos direitos humanos expressaram seu desagrado diante da decisão, cujo julgamento foi conduzido em segredo. Segundo declarou o juiz Ali Masir Murid à BBC, três dos homens foram condenados a vinte anos de prisão, enquanto o quarto foi punido com apenas dez anos por ser menor de idade.
Em maio, onze policiais foram sentenciados a um ano de prisão por assistirem ao ataque contra Farkhunda e não prestarem assistência. O tribunal de primeira instância de Cabul condenou os oficiais por “negligência” no cumprimento de seu dever profissional. As imagens captadas mostram também a inação dos oficiais diante da agressão. O caso de Farkhunda chocou não só os afegãos: as imagens correram o mundo e chamaram a atenção pelas cenas de violência terem ocorrido no centro da capital afegã e diante dos olhos da polícia.
(Da redação)