A Coreia do Norte admitiu, pela primeira vez, um caso aparente de Covid-19. De acordo com um relatório da agência de notícias oficiais do governo comunista, o indivíduo doente é um cidadão norte-coreano que havia fugido para a Coreia do Sul há três anos, mas que retornou ilegalmente ao país de origem, em 19 de julho. A pessoa é suspeita de ter sido infectada, depois que vários exames médicos mostraram um resultado incerto, informou a mídia estatal do Norte.
Até o momento, o regime de Pyongyang, o mais fechado do mundo, vinha sustentando que a Coreia do Norte estava livre da doença. Não se sabe se isso se deve às restrições de locomoção impostas aos cidadãos, ou se o país vinha escondendo possíveis casos de Covid-19.
O primeiro caso foi identificado na cidade de Kaesong, que fica a 160 quilômetros da capital. Ao saber do caso, na sexta-feira, o líder Kim Jong-un determinou o isolamento imediato do município e exigiu que todas as pessoas que tiveram contato com indivíduo infectado fossem investigados, examinados e colocados em quarentena, de acordo com o relatório da mídia estatal.
“Todo mundo precisa enfrentar a realidade da emergência”, disse Kim em uma reunião do Partido dos Trabalhadores, no sábado.
Neste domingo, 26, os militares da Coreia do Sul disseram estar investigando a possível passagem ilegal de fronteira. Segundo a agência de notícias Yonhap, do sul, a pessoa infectada é um homem de 24 anos com o sobrenome Kim, que escapou da Coreia do Norte nadando pelo estuário do rio Han, que separa os dois países. O jovem se estabeleceu na cidade de Gimpo, a 24 quilômetros de Seul, informou a mídia local.
Dados do Ministério da Unificação de Seul apontam que mais de 33.000 refugiados norte-coreanos vivem na Coreia do Sul
A Coreia do Norte foi uma das primeiras nações a tomar medidas agressivas contra o vírus em janeiro. As fronteiras com a China foram fechadas e o turismo estrangeiro suspenso. Pobre e com sistema de saúde precário, o país pode ter prejuízos incalculáveis caso o coronavírus se espalhe entre a população.
A Coreia do Norte testou mais de 1.100 pessoas na semana passada, de acordo com o NK News, um site independente especializado no regime de Pyongyang, que já relatou outros casos de Covid-19 entre os norte-coreanos, citando o representante da Organização Mundial da Saúde no país.
No início deste mês, Kim repreendeu as autoridades, durante uma reunião do Politburo, o conselho político norte coreano, pelo que ele disse ser desatenção às medidas do país contra a pandemia. O ditador alertou que a falha em permanecer vigilante resultará em uma “crise inimaginável e irrecuperável”.