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Consumo de carne na Argentina cai ao nível mais baixo em um século

Tendência é resultado da inflação a 280% ao ano. Enquanto isso, Milei desfila supostas vitórias no feriado da Independência

Por Da Redação
9 jul 2024, 16h17
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  • Um relatório da Bolsa de Comércio do Rosário, divulgado na segunda-feira 8, revelou que o consumo de carne bovina atingiu o menor nível em um século na Argentina, país famoso pelas parrillas. A preços elevados, ela virou quase um item de luxo, sendo trocado por outras proteínas, como o frango. O levantamento estima que o consumo médio anual do produto será de apenas 44,8 kg por habitante em 2024, uma redução e tanto em comparação à média histórica, de 72,9 kg.

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    “Pela primeira vez nos registros, o habitante médio da Argentina consumiria a mesma quantidade de carne bovina que aves em 2024 (cerca de 44,5 kg). O consumo de carne suína, por sua vez, aumentaria 1,1 pontos percentuais em relação ao ano anterior”, explica o comunicado da bolsa.

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    Além disso, o documento afirmou que, com o valor usado atualmente para comprar um quilo de carne bovina, o consumidor conseguiria adquirir quase dois quilos de porco ou frango. Ainda assim, estima-se que os argentinos estão comendo menos carne no geral: calcula-se que serão apenas 105,7 kg em 2024, contra os 112,8 kg registrados na última década.

    Desfile de “vitórias”

    O relatório foi publicado poucos dias antes da data de independência da Argentina, comemorada nesta terça-feira, 9, e contrasta com a imagem que a Casa Rosada passa sobre as conquistas do governo. Com toda pompa e circunstância, o presidente Javier Milei marcou presença no desfile militar que comemora o feriado, em cima de um tanque de guerra, ao lado da sua vice, Victoria Villarruel. Estiveram envolvidos dezenas de veículos militares, a Polícia Municipal, as três forças de segurança, a própria prefeitura e brigadas militares. Ao menos 7 mil pessoas participaram do evento.

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    O evento ocorre após a assinatura, pouco depois da meia-noite nesta terça-feira, do chamado “Pacto de Maio”. Anteriormente planejado para o dia 25 daquele mês, feriado nacional que marca o primeiro grito de liberdade argentino em meio ao processo de independência, em 1816, o ato, que conta com os governadores, peças centrais no tabuleiro político local, propõe uma “refundação do Estado” sobre bases liberais.

    Firmado por 18 governadores, o documento simbólico estabelece 10 acordos sobre políticas de médio e longo prazo, uma espécie de aceno de paz do governo ao Congresso – mas não sem um quid pro quo. Em teoria, o pacto oferece alívio fiscal às províncias argentinas em agradecimento pelo apoio à Casa Rosada. Para isso, promete reabrir o diálogo com os governadores sobre a distribuição das receitas fiscais do Estado. Inclui ainda a promessa de um equilíbrio fiscal inabalável, a abertura do comércio internacional e uma reformulação das leis laborais, fiscais e de pensões do país – todas pedras angulares da administração de Milei.

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    O pacto vem pouco após a aprovação da Lei de Bases, um pacote de medidas que, no conjunto, pretende reduzir a presença do Estado na economia, sanear as contas públicas e ampliar os poderes do Executivo.

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    Após negociações duras com o Congresso, o que sobrou do desidratado pacotão não é pouco na direção de reconfigurar o Estado. No início, o presidente queria poder governar por decreto em onze áreas durante três anos — ficaram quatro com validade de um ano, mas se concentram em assuntos centrais da gestão (economia, finanças, administração e energia). É ferramenta, porém, que deve ser usada com critério.

    Das quarenta empresas que Milei planejava privatizar, restaram oito, estando de fora a petrolífera YPF, o Banco de La Nación e a Aerolíneas Argentinas, que saiu do rol nos últimos minutos.

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    Um dos mais celebrados tópicos foi certamente o estabelecimento do Regime de Incentivos a Grandes Investimentos, com o objetivo de destravar a burocracia e dar estímulo a empresas dispostas a investir vultosas somas em solo argentino. Também passou uma anistia fiscal para fundos no exterior. A ideia aí é tentar trazer dólares ao país, algo essencial num cenário de baixíssimas reservas.

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    A aprovação do pacote se fez crucial para sedimentar alguns bons resultados já registrados nos seis meses de governo Milei. Em junho, a inflação, maior chaga nacional, recuou para 4,4%, versus os 11% de março, e as contas do governo fecharam no azul pela primeira vez em dezesseis anos, marca festejada pelo mercado financeiro. Até o peso, a castigada moeda nacional, ganhou relativa estabilidade, após praticamente virar pó na gestão anterior, conduzida pelo peronista Alberto Fernández.

    Tais avanços, lembram os observadores de plantão, é fruto de um arrocho brutal, incluindo aí cortes de subsídios e benefícios que tiveram reflexos no bolso. No curto prazo, isso vem contribuindo para elevar o nível da pobreza, que passou de 44% para 60% da população desde dezembro, e desacelerar a economia. A projeção é de que o PIB sofra contração de 3,3% este ano.

    Indústria de carne na Argentina

    Segundo a pesquisa de Rosário, a pecuária argentina exportou US$ 5 bilhões em 2023, uma queda de quase 20% ao ano anterior. Em contrapartida, as cadeias de carnes e laticínios argentinas proporcionaram mais de 887 mil empregos no ano passado. O número é 2,8% maior do que as vagas de trabalho do setor em 2022. Ao todo, a pecuária argentina foi responsável por gerar quase 5 em cada 100 empregos em todo o país.

    “Ao analisar o emprego pecuário por atividade, verificamos que a produção primária continua a ser o gerador de trabalho mais predominante. Cerca de 42% do emprego pecuário é explicado por atividades primárias, onde se destacam a criação e invernada de gado, a produção de leite bovino, a produção de ovos, entre outras”, acrescenta o texto.

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