Cairo, 18 dez (EFE).- Manifestantes e forças de segurança continuam se enfrentando neste domingo a pedradas nos arredores da sede do Conselho de Ministros e do Parlamento, no Cairo, onde nos últimos três dias dez pessoas morreram e ao menos 494 ficaram feridas.
Na cêntrica rua de Kasr el Aini, onde se desenvolvem os confrontos, um muro de concreto erguido pelo Exército nas últimas horas não impedia nesta manhã que centenas de manifestantes lançassem pedras contra o prédio do Gabinete, como constatou a Agência Efe. No terraço do imóvel, dezenas de homens – provavelmente policiais à paisana – apedrejavam os manifestantes.
A enfermeira Malak Turki do hospital de campanha da mesquita Omar Makram disse a Efe que as forças da Segurança Central perseguiram os manifestantes até o templo, situado em uma das laterais da Praça Tahrir.
Já o manifestante Saad Zaglul contou que os acampados em frente à sede do Governo, que foram desalojados de forma violenta pelo Exército na madrugada de sexta-feira, são ‘revolucionários pacíficos’ e que entre eles há pistoleiros infiltrados que tentam sabotar o protesto.
O também revolucionário Bilal Ismail revelou que o Governo mandou pistoleiros ‘queimar a sede da Academia Científica do Egito para culpar os manifestantes pelo crime’.
A sede da instituição foi queimada totalmente no sábado, só restaram paredes fumegantes depois que o teto desabou.
Um dos assuntos mais comentados entre os manifestantes neste domingo era o espancamento no sábado de uma mulher, agredida por policiais que tiraram sua roupa e desferiram chutes na cabeça e no peito dela.
As imagens desse fato violento se espalharam rapidamente na internet e neste domingo a fotografia da manifestante seminua cercada de policiais é capa do jornal revolucionário egípcio ‘El Tahrir’.
Ismail ressaltou a Agência Efe que tanto ele quanto seus colegas estão protestando ‘contra a violência do Exército, que tirou a roupa e agrediu uma mulher.
Tanto em Kasr el Aini quanto na Praça Tahrir centenas de curiosos se reuniram para comentar os fatos das últimas horas.
Algumas crianças caminhavam de um lado para outro e inclusive subiam no muro de concreto para xingar os soldados postados atrás da parede.
Se o alvo mais cobiçado entre os manifestantes durante os confrontos de novembro eram máscaras para protegerem-se dos efeitos do gás lacrimogêneo, desta vez os ataques com pedras levaram os cidadãos a proteger a cabeça com capacetes de plástico. EFE