Conflitos se intensificam no Iêmen e EUA retiram diplomatas
Homens armados a serviço do xeque Al-Ahmar enfrentam forças de segurança
Os combates com armas automáticas e fogo de morteiros entre forças de segurança e homens armados a serviço do xeque Sadek Al-Ahmar foram retomados nesta quinta-feira em Sanaa pelo quarto dia consecutivo. Os choques armados, que explodiram na segunda-feira passada no bairro de Al Hasba, deixaram durante a última noite cerca de 40 mortos, segundo versões da imprensa local, não confirmadas oficialmente.
Por volta das 10 horas (hora local, 4 horas em Brasília), os morteiros começaram a atingir as cercanias do complexo residencial no qual vivem o xeque e vários de seus irmãos. Os enfrentamentos entre milicianos da família Al-Ahmar e a polícia começaram depois que as forças de segurança tentaram despejar um edifício que fora tomado por homens armados tribais.
No total, 80 pessoas morreram desde a intensificação dos combates que começaram pouco depois de o presidente Ali Abdullah Saleh ter se negado, pela terceira vez, a assinar uma iniciativa dos países do Conselho de Cooperação do Golfo Pérsico que inclui sua renúncia. Na manhã desta quinta-feira, os moradores do bairro de Al Hasba, onde disparos intermitentes foram ouvidos, continuavam abandonando suas casas com seus pertences, fugindo dos combates.
EUA – Diante da intensificação dos confrontos, os Estados Unidos determinaram a retirada dos funcionários não essenciais e dos familiares de seu pessoal diplomático no Iêmen, informou o departamento americano de Estado na quarta-feira à noite. A decisão ocorre após o presidente americano, Barack Obama, pedir a saída do líder iemenita, Ali Abdallah Saleh, em um discurso realizado em Londres.
Em seu comunicado, o departamento de Estado adverte que os cidadãos americanos enfrentam um elevadíssimo nível de insegurança no Iêmen em razão de atividades terroristas e da rebelião no país. Ao menos 38 pessoas morreram na terça-feira em violentos confrontos entre membros armados de uma tribo e forças governamentais, em um bairro do norte de Sanaa, sendo 24 membros da tribo liderada por Sadek Al-Ahmar e 14 soldados.
Renúncia – Enquanto continua a disputa armada entre as forças pró-Saleh e as forças leais à família Al-Ahmar, um dos principais apoios econômicos e políticos da oposição que pede a renúncia de Saleh, as autoridades convocaram uma concentração para esta sexta-feira.
Em um evento batizado de “sexta-feira do regime, da lei e do apoio à legitimidade constitucional”, as autoridades esperam reunir milhões de pessoas em diferentes províncias do país para deslegitimar o movimento de protesto popular que desde o fim de janeiro exige a introdução de reformas democráticas e a saída de Saleh.
Xeque – Líder do poderoso clã tribal dos Hashed, o xeque Sadek Al-Ahmar se uniu em março à oposição. Ele é um dos dez filhos do falecido xeque Abdala al-Ahmar, que foi o principal aliado do presidente Saleh. Atualmente, Sadek conseguiria mobilizar mais de 10.000 homens armados, segundo fontes tribais.
(Com agências EFE e France-Presse)