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Como o improvável sucesso do Marrocos na Copa do Mundo uniu os árabes

Além do desempenho em campo, cenas dos jogadores ajoelhados em oração e as comemorações simpáticas com suas mães se tornaram poderosas

Por Matheus Deccache 14 dez 2022, 17h31

A seleção marroquina segue fazendo história na Copa do Mundo de 2022 ao se tornar a primeira nação africana a chegar à fase semifinal da competição. Vencendo fortes times como Bélgica, Espanha e Portugal, as imagens das celebrações dos jogadores levaram a cultura árabe aos quatro cantos do planeta. 

As cenas dos jogadores ajoelhados na grama em oração e as comemorações simpáticas com suas mães se tornaram poderosas e comoventes, a ponto de unir os países árabes em torno do país. 

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É uma vibração positiva que se espalhou muito além dos estádios e ruas do Catar, e que está desalinhada com uma narrativa mais comum em um mundo árabe repleto de crescente desemprego juvenil, inflação crescente, aumento das taxas de pobreza e violência política.

O sucesso de Marrocos na Copa trouxe uma vida nova a uma identidade quase perdida, fazendo renascer o nacionalismo árabe já visto durante as Olimpíadas e na campanha da Argélia na Copa do Mundo de 2014, no Brasil, quando a equipe chegou às oitavas de final e foi eliminada pela Alemanha, campeã daquela edição. 

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Outra causa fundamental que vem inundando os noticiários graças ao avanço marroquino é a causa palestina, central para a identidade de muitos árabes espalhados pelo mundo. É comum ver a bandeira nacional palestina estampada na torcida e até mesmo os jogadores posaram com ela após as vitórias. Nas ruas do Catar, sede do torneio, também é possível ver as cores palestinas espalhadas. 

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Em 2020, o Marrocos foi um dos países árabes a normalizar as relações com o governo de Israel, o que causou revolta entre a população devido às condições que o país impõe aos palestinos na Cisjordânia e em Gaza. Desse modo, as representações durante a competição evidenciam também a dissonância entre o governo e parte dos marroquinos que seguem irredutíveis em relação aos israelenses. 

De maneira irônica, que mais parece uma história escrita pelos deuses do futebol, Marrocos deixou para trás Espanha, nas oitavas, e Portugal, nas quartas, dois de seus colonizadores em tempos passados, e enfrenta nesta quarta-feira a França, outro país que o colonizou, em uma histórica semifinal que ficará para sempre na memória do povo árabe.

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Jogadores importantes do atual elenco, como o lateral direito Achraf Hakimi e o meio campo Hakim Ziyech, escolheram atuar pela seleção marroquina ao invés de defender nações europeias, onde nasceram devido à imigração de seus pais. Ziyech chegou a ser chamado de “garoto estúpido” por um dos maiores nomes da história da seleção holandesa e seu ídolo, Marco Van Basten, que o comandou em seus primeiros anos como profissional.

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“Eu nasci na Holanda, mas minhas raízes estão lá no Marrocos, meu pai está enterrado lá e as pessoas que gostam muito de mim estão lá. Aqui parece que sempre tentam encontrar algo negativo”, declarou o jogador na época em que atuava em território holandês. 

Mesmo que não sejam campeões da Copa do Mundo, os atletas marroquinos que estão no Catar já se tornaram lendas não só para a sua população, mas para todo o mundo árabe. 

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