Como Biden planeja mudar a resposta americana ao coronavírus
Presidente eleito vai começar seu esforços já nesta segunda, quando deve anunciar uma força-tarefa de seu governo com doze integrantes
O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou neste domingo 8 o lançamento de uma equipe de transição de governo, que segundo ele se concentrará em desafios como enfrentar a pandemia do coronavírus, recuperar a economia, promover a igualdade racial e combater a mudança climática.
O mais urgente, de acordo com os planos preliminares de Biden e sua vice-presidente, Kamala Harris, é enfrentar a pandemia, especialmente porque os casos nos Estados Unidos dispararam para mais de 120.000 por dia, e o total de mortes passa de 237.000. “O povo americano merece uma resposta rápida, robusta e profissional à crescente crise de saúde pública e econômica causada pelo surto de Covid-19”, diz o site do novo governo, que lista suas principais propostas.
Quando Biden assumir o cargo, em 20 de janeiro, o Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde da Universidade de Washington projeta que o total de mortes pela doença pode chegar a 372.000. “Quando o governo Biden-Harris assumir, esse vírus já terá se espalhado de forma desenfreada nas comunidades dos Estados Unidos”, disse a Dra. Megan Ranney, médica emergencial da Universidade Brown à emissora CNN.
Biden promete que vai começar seu esforços já nesta segunda-feira, 9, quando deve anunciar uma força-tarefa de seu governo com doze integrantes. O grupo terá diversos especialistas, entre os líderes estão o ex-cirurgião-geral Vivek Murthy, o ex-comissário da Food and Drug Administration (FDA), David Kessler, e a Dra. Marcella Nunez-Smith, da Universidade de Yale.
Em seu site de transição, o democrata ainda ele promete que levará em conta a ciência acima de tudo e lista uma série de medidas que irá tomar para combater o vírus. Entenda quais são as propostas do presidente eleito para a área da saúde e combate à Covid-19.
Testagem e rastreamento
A principal promessa de Biden é o investimento na testagem em massa e no rastreamento de casos e contágios pela Covid-19. O democrata diz que, durante seu governo, todos os americanos terão acesso a “testes regulares, confiáveis e gratuitos”. Ele pretende ainda dobrar a oferta de postos de testagem em todo o país.
O número de exames realizados diariamente cresceu muito nos Estados Unidos desde o início da pandeia, mas cientistas dizem que ainda não é suficiente. A testagem também é primordial para a identificação de novos focos da doença, reconhecimento de casos assintomáticos e rastreamento de possíveis contágios.
Vacina e tratamento
Desde março, a administração de Donald Trump gastou bilhões para desenvolver e ampliar vacinas e tratamentos contra a Covid-19. Sua meta é produzir e entregar 300 milhões de doses de vacinas seguras e eficazes até janeiro de 2021.
Joe Biden promete investir mais 25 milhões de dólares para produzir e distribuir as vacinas para todos os cidadãos americanos de graça. Sua campanha afirma ainda que tratamentos e outras drogas que auxiliam os pacientes contaminados serão barateados.
Máscara
Biden afirma que o uso da máscara passará a ser obrigatório em todo país. Um estudo realizado em outubro mostrou que se 95% dos americanos usassem máscaras, mais de 100.000 vidas poderiam ter sido poupadas desde o início da pandemia.
O democrata também promete que a produção de equipamentos de proteção individual será garantida sob a Lei de Produção de Defesa para que não falte em nenhum estado, cidade ou vilarejo.
Ciência
Joe Biden, que passou boa parte de sua campanha criticando a abordagem de Trump, diz ainda que as autoridades sanitárias vão fornecer orientações baseadas em evidências científicas para que sejam tomadas decisões sobre novos isolamentos e como as escolas serão preparadas para enfrentar a pandemia.
O democrata ainda pretende ampliar o papel do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) no fornecimento de orientações específicas. Durante os últimos meses, Trump se afastou dos especialistas da organização e contradisse em diversos momentos as diretrizes defendidas por eles. O presidente ainda ameaçou demitir o chefe do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, o infectologista Anthony Fauci.
Organização Mundial da Saúde (OMS)
O governo Trump iniciou formalmente o processo de retirada dos Estados Unidos da Organização Mundial da Saúde em julho. Biden diz que quer restabelecer a relação com a OMS.
A administração do presidente eleito também planeja expandir a atuação do CDC em todo o mundo, de que forma que novas doenças possam ser identificadas com mais facilidade no futuro.