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Com abstenção do Brasil, ONU rejeita debate sobre repressão na China

Derrota do pedido por 19 votos a 17 é vista como revés para o Ocidente e para a própria reputação das Nações Unidas

Por Da Redação 6 out 2022, 16h44
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  • O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas votou nesta quinta-feira, 6, contra uma moção liderada pelo Ocidente para realizar um debate sobre supostos abusos de direitos humanos pela China contra a minoria muçulmana uigur na região de Xinjiang. O Brasil esteve entre os 11 países que se abstiveram. 

    A proposta, movida por países como Estados Unidos e Turquia e endossada pela Alemanha e por Estados nórdicos, foi derrotada por 19 votos a 17, além das 11 abstenções. Essa é apenas a segunda moção a ser rejeitada em toda a história do conselho e é vista pelos analistas como um revés para o Ocidente e para a própria reputação da ONU.

    + ONU: China promete ‘luta’ contra acusação de violação de direitos humanos

    “Isso é um desastre. Isso é realmente decepcionante. Nós nunca vamos desistir, mas estamos realmente decepcionados com a reação dos países muçulmanos”, disse o presidente do Congresso Mundial Uigur, Dolkun Isa. 

    Entre os países que rejeitaram o pedido estão Catar, Indonésia, Emirados Árabes Unidos e Paquistão, que votaram citando o risco de alienar a China. Antes da votação, o enviado chinês havia alertado que a moção criaria um precedente para que todas as nações pudessem ter seus registros de direitos humanos analisados na ONU.

    “Hoje a China é o alvo. Amanhã qualquer outro país em desenvolvimento será”, disse Chen Xu, acrescentando que um debate levaria a “novos confrontos”.

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    A moção usou como argumento um longo relatório da agora ex-comissária de Direitos Humanos Michelle Bacheletr publicado em agosto que afirmava que Pequim cometeu uma série de graves violações de direitos humanos contra a minoria uigur na região de Xinjiang, no oeste do país. 

    As acusações apontam que mais de 10 milhões de muçulmanos são utilizados em trabalhos forçados em campos de internamento. O governo chinês nega veementemente todas as acusações.

    Esta é também a primeira vez que o histórico de direitos da China, que é um membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, entra em discussão. O item provocou divisões e há uma grande pressão por parte de Pequim para que os outros membros o apoiem. 

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    Apesar do resultado, países como Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos prometeram continuar trabalhando em prol da prestação de contas. No entanto, ativistas apontam que a derrota da moção dificilmente fará com que ela volte à agenda em algum outro momento. 

    + China cometeu ‘sérias violações de direitos humanos’ em Xinjiang, diz ONU

    A votação desta quinta levantou dilemas políticos para muitas nações em desenvolvimento que fazem parte do Conselho de Direitos Humanos, que relutam em desafiar a China publicamente por medo de comprometer o investimento financeiro chinês. Ao mesmo tempo, outros países onde também há denúncias de violação dos direitos humanos temem que possam se tornar alvos em um futuro próximo. 

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