Esther Rebollo.
Bogotá, 28 mai (EFE).- Justo quando se completa um mês do sequestro do repórter francês Roméo Langlois, a rede de TV multiestatal ‘Telesur’ divulgou um vídeo que mostra o refém sorridente e conversando com guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que prometeram libertá-lo na próxima quarta-feira.
‘Está tudo pronto’, confirmou nesta segunda-feira à Agência Efe o delegado do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) na Colômbia, Jordi Raich, que vai liderar a missão de resgate do jornalista em um lugar ainda desconhecido nas florestas do sul do país.
A missão será também integrada pela ex-senadora colombiana Piedad Córdoba e um emissário do presidente François Hollande, cuja identidade não foi divulgada, mas que, segundo o embaixador da França em Bogotá, Pierre-Jean Vandoorne, chegará à capital colombiana nas próximas horas para se somar à operação humanitária que será realizada no departamento de Caquetá.
Neste domingo, as Farc informaram que entregarão o jornalista na próxima quarta a esta missão humanitária, que já elaborou um protocolo de segurança, junto ao Ministério da Defesa da Colômbia.
O protocolo, segundo Raich, contempla obrigações para todas as partes: o Ministério da Defesa terá de suspender as ações militares na região onde o repórter será libertado, enquanto a guerrilha precisa cumprir ‘datas e prazos para a entrega’.
‘Agora o que esperamos é que haja uma confirmação de conformidade por parte das Farc e esperamos que os prazos sejam cumpridos’, ressaltou o delegado.
Segundo o protocolo, a operação de resgate será realizada com meios logísticos do CICV, com carros e/ou lanchas identificados com o logotipo da Cruz Vermelha.
Para o êxito da libertação, as ações militares serão suspensas a partir das 18h locais (20h de Brasília) desta terça-feira até 6h locais (8h de Brasília) de quinta-feira, mas antes as Farc devem entregar as coordenadas, acrescenta o documento.
‘A primeira obrigação das Farc é que amanhã, antes de 13h (15h de Brasília), devemos conhecer o município ou área geral onde se devem suspender as operações militares’, insistiu Raich.
Nesse sentido, o ministro de Defesa colombiano, Juan Carlos Pinzón, garantiu o respeito ao protocolo. ‘Estamos coordenando de uma maneira muito efetiva tanto com o governo da França como com o CICV para contribuir para a rápida libertação’, acrescentou.
O delegado do Comitê Internacional da Cruz Vermelha também expressou sua satisfação pelo aspecto do jornalista tal como aparece no vídeo divulgado pela rede ‘Telesur’, sediada em Caracas. ‘Nos alegra vê-lo. Não tínhamos temido em nenhum momento por sua vida, mas é bom ver que apresenta bom estado de saúde’.
No vídeo, Langlois aparece conversando sobre seu trabalho como repórter na Colômbia, aparentemente sorridente e de banho tomado. Depois, aparece recebendo cuidados médicos em um braço ferido.
Uma das perguntas feitas ao jornalista durante a gravação foi se ele sabia que estava em ‘zona vermelha’ quando sequestrado, e sua resposta foi: ‘A pessoa sabe o risco que corre quando faz este tipo de trabalho. Também fiz muitos trabalhos com a guerrilha’.
Ele disse que chegou a entrevistar ‘duas ou três vezes’ o ex-número 2 das Farc, Luis Edgar Devia, conhecido como ‘Raúl Reyes’, além de ‘membros importantes’ da guerrilha.
‘Nunca fui muito próximo do governo (colombiano) porque sempre estive dos dois lados, com a opinião de todos’, afirma o repórter em outro momento do vídeo.
Langlois foi capturado no dia 28 de abril quando acompanhava militares e policiais em uma operação antidrogas no departamento de Caquetá, momento em que foram surpreendidos por uma ofensiva da guerrilha. Por isso, as Farc o consideraram um ‘prisioneiro de guerra’. EFE