Kawhmu/Yangun (Mianmar) 1 abr (EFE).- Os colégios para o pleito legislativo parcial em Mianmar fecharam neste domingo e teve início a apuração, liderada por Aung San Suu Kyi, segundo fontes de seu partido, o opositor Liga Nacional pela Democracia birmanesa (LND).
Ao todo, 6 milhões de birmaneses votaram nas eleições legislativas parciais que para Mianmar representam o retorno político da oposição liderada pela carismática Suu Kyi.
A Comissão Eleitoral indicou que, embora a votação tenha encerrado às 16h (6h30 de Brasília), existia a possibilidade de os colégios eleitorais em áreas de difícil acesso continuassem abertos algum tempo mais.
Conforme a Comissão Eleitoral, os resultados oficiais serão divulgados nos próximos dias, mas não descartou que ao longo deste domingo se conheça o resultado da votação em algum distrito próximo a Yangun, a antiga capital.
As eleições ocorrem em 45 circunscrições distribuídas pelo território para eleger 37 novos membros do Parlamento, seis do Senado e outros dois das assembléias regionais, para ocupar as cadeiras vagas.
Suu Kyi luta pela cadeira correspondente ao distrito de Kawhmu, povoado por camponeses e situado ao sudeste de Yangun.
Em Kawhmu, onde era nítida a excitação dos habitantes à espera do resultado, a afluência de eleitores às urnas foi constante desde o início da votação.
Ao sair dos colégios de Kawhmu, um alto percentual de eleitores comemorava o fato de ter conseguido votar em Suu Kyi.
‘Minhas três companheiras e eu votamos em Aung San Suu Kyi’, disse Ya Win, uma universitária de 22 anos que se deslocou a partir de Yangun no dia anterior para exercer seu direito ao voto.
Suu Kyi, quem sábado à noite pernoitou na aldeia de Wa Tin Kha, onde adotou uma família da tribo karen, cruzou neste domingo em um comboio de veículos uma parte do distrito no qual visitou um dos colégios eleitorais cercada por apoiadores e jornalistas.
‘Espero que Aung San Suu Kyi consiga ao menos 80% dos votos’, assinalou Sai Mauk, um empresário de Yangun recenseado em Kawhmau e que na lapela de sua camisa trazia o símbolo LND.
A disputa pelas cadeiras do Parlamento e Senado que representam menos de 7% do total das duas câmaras do Legislativo, é um duelo entre a LND de Suu Kyi, e o Partido do Desenvolvimento e Solidariedade da União, afim aos ex-generais da junta militar que manteve cativa a nobel de paz 15 anos nas últimas duas décadas.
O partido de Suu Kyi e o capitaneado pelo presidente birmanês e ex-primeiro-ministro na última etapa de regime militar, Thein Sein, são os únicos que apresentaram candidatos em todas as circunscrições eleitorais, muito disseminadas pelo território e a maior parte delas situadas em zonas rurais.
As eleições parciais colocam a prova a popularidade de Suu Kyi e da formação opositora que boicotou as eleições gerais de novembro de 2010, porque, sobretudo, obrigava a expulsar da formação as pessoas condenadas a penas de prisão por motivos políticos.
A votação aconteceu depois que o chefe das Forças Armadas, general Min Aung Hlaing, rejeitasse na semana passada qualquer tentativa de reforma da Constituição que persiga reduzir o poder político dos militares, em resposta a Suu Kyi, quem durante sua campanha defendeu por eliminar a cota de cadeiras reservadas aos uniformizados.
A Constituição aprovada durante o regime militar reserva para os chefes e oficiais das Forças Armadas 110 das 440 cadeiras que compõem o Parlamento e 56 das 224 que constituem o Senado. EFE