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‘Cocaleros’ desafiam a política antidrogas de Evo Morales na Bolívia

Por Por Raúl Burgoa
10 jan 2012, 17h16

Produtores de coca que se opõem à eliminação de plantações excedentes da folha, matéria-prima para a fabricação de cocaína, deram um ultimato ao governo boliviano para a retirada definitiva das brigadas militares de uma região de cultivo no nordeste de La Paz, num claro desafio à política antidrogas do presidente Evo Morales.

Os ‘cocaleros’ de La Asunta, a 200 km de La Paz, protestam contra o trabalho de uma Força-Tarefa Conjunta (FTC), integrada por militares e policiais, dedicada à destruição das sobras da plantação que, supostamente, alimentam o narcotráfico. E chegaram a expulsar, na noite de domingo, 20 desses homens.

A maior parte do contingente militar-policial, composto por 200 efetivos, estava fora de La Asunta à espera das ordens para iniciar, nos próximos dias, o trabalho de erradicação da coca, correspondente a 2012.

Em desafio à política de Morales os cultivadores de La Asunta decidiram que a FTC “não voltará a se instalar (na zona); queremos, simplemente, o abandono definitivo (e para isso) damos um prazo até quarta-feira”, disse Mario Miranda, secretário-geral do sindicato de ‘cocaleros’ de La Asunta.

Miranda também advertiu que, se isso não acontecer, todos os bens da FTC vão se tornar patrimônio de organizações sociais.

Entre os pertences da FTC estão “diez caminhonetes, barracas e roupa”.

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No ano passado, a Bolívia erradicou 10.509 hectares de plantações excedentes de coca, a maior superfície dos últimos nove anos, das quais 2.000 correspondem à área de los Yungas, jurisdição de La Asunta. Segundo as Nações Unidas, ainda assim o país conta com 31.000 hectares.

A legislação boliviana que dispõe sobre o regime de coca e substâncias controladas reconhece áreas de produção numa extensão de 12.000 hectares mas, de acordo com o vice-ministro da Coca, Germán Loza, La Asunta “não é reconhecida como zona legal” de plantação.

Os cultivadores do departamento de los Yungas, onde fica o grosso do cultivo tradicional, alegam que a erradicação deva intensificar-se na região de Chapare, onde os sindicatos elegeram Morales.

A Bolívia é o terceiro produtor mundial de coca, atrás do Peru e da Colômbia.

Recentemente, o primeiro secretário da embaixada brasileira em La Paz, Murilo Vieira Komnisky, denunciou que o grosso da cocaína de procedência boliviana vai para o Brasil e depois para a Europa.

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Segundo ele, 40 por cento (dos 60%) da droga boliviana exportada fica no Brasil.

Ele explicou que esta informação se baseia nos percentuais de apreensões efetuadas pela Polícia Federal brasileira e da troca de informações entre os países da região.

Vieira também disse que o Brasil lida com os mesmos dados das Nações Unidas, segundo os quais a Bolívia tem capacidade para fabricar 115 toneladas de droga por ano, ao que se deve somar o entorpecente de origem peruana que usa o território boliviano como ponte.

Segundo o governo boliviano, as apreensões anuais da droga beiram as 30 toneladas, embora as autoridades afirmem que 50% procedem do Peru. Calcula-se que só se consiga apreender 15% do que se produz.

Desde o ano passado, o Brasil faz parte de um acordo ainda não negociado com a Bolívia e os Estados Unidos para monitorar a erradicação de plantações de coca, um trabalho considerado fundamental no combate ao narcotráfico.

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