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Clarín teme expropriação após ameaça de Cristina

Em meio à transmissão de uma partida de futebol, o governo argentino divulgou vídeo insinuando que pode tomar os veículos do grupo no dia 7 de dezembro

Por Da Redação
25 set 2012, 08h13
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  • O grupo de comunicação argentino Clarín teme que o governo de Cristina Kirchner atropele um processo judicial em andamento e exproprie alguns de seus canais de televisão antes mesmo do final do ano. “A expropriação seria um ato ilegal, mas, lamentavelmente, podemos esperar por esse castigo”, disse nesta segunda-feira ao site de VEJA Martin Etchevers, assessor de comunicação do Grupo Clarín. No último sábado, a Casa Rosada veiculou, durante uma partida de futebol do campeonato do país (evento de grande audiência), um vídeo de mais de quatro minutos em que a presidente ameaça retirar as licenças do grupo no dia 7 de dezembro caso o Clarín não se adeque a prescrições da Lei de Mídia sancionada por Cristina em 2009.

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    A Lei de Mídia proíbe, entre outros pontos, que as empresas privadas de comunicação mantenham mais de uma emissora de TV aberta em uma mesma localidade. O grupo Clarín, que possui quatro emissoras de TV aberta, contestou a constitucionalidade da nova legislação na Justiça e obteve a seu favor uma medida cautelar para continuar operando enquanto o sistema judiciário não decide a questão. Em 7 de dezembro, essa medida cautelar expira, mas pode ser prorrogada por mais um ano. O que Cristina ameaça é aproveitar essa brecha – entre a medida expirar e ser prorrogada – para tomar os veículos do maior grupo de oposição do país antes de a Justiça julgar a constitucionalidade da lei.

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    “A repressão ao Clarín tem um impacto claro na liberdade de imprensa. E isso já estamos vendo. Mesmo questionada, a lei está em vigor há três anos. Nesse período, houve uma enorme colonização dos meios de comunicação por parte do governo. Hoje, 80% dos canais de rádio e TV respondem direta ou indiretamente ao governo de Cristina”, diz Etchevers.

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    Etchevers afirma ainda que, no grupo, paira o medo de que, na data marcada pelo governo, ocorra um incidente semelhante ao de dezembro do ano passado, quando 50 militares invadiram a sede da Cablevisión, TV a cabo do Clarín. O caso ocorreu após a rede ser acusada de comportamento “anticompetitivo” – a ação tinha por objetivo dar apoio ao interventor nomeado para assumir a TV. Antes disso, em 2009, 200 fiscais da receita haviam entrado na sede do Clarín e confiscado uma série de documentos alegando que investigavam as contas do jornal.

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    Agora, no mais recente episódio de intimidação, o governo classificou o grupo como “uma verdadeira cadeia nacional ilegal” e disse que 7 de dezembro deverá ser lembrado no calendário dos argentinos como o 7D. Assista abaixo ao vídeo:

    O governo diz que o D é de “Diversidade e Democracia”. O Clarín rebate: é D de “Desprezo à lei e Destituição”.

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    Cristina afirma que a lei permitirá o ingresso de novas empresas no mercado de comunicação. Na prática, porém, o conjunto de regras favorece sindicatos e outras instituições aliadas à Casa Rosada. “Acreditamos que é uma represália a quem faz uma cobertura jornalística independente na Argentina”, afirma Etchevers.

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    O grupo Clarín reagiu oficialmente, no domingo, lançando também um vídeo:

    “Qual a intenção desse comunicado oficial?”, pergunta o Clarín. “Preparar o terreno para outra coisa? Acabar com o estado de direito na Argentina?” Em um comunicado, o grupo ainda diz ter sido alvo de mais de 450 ações diretas e indiretas por parte do governo.

    Aliados – Nesta segunda-feira, grupos políticos se aliaram ao Clarín em um repúdio conjunto contra a ameaça de Cristina. “Não queremos viver em uma sociedade com pensamento único, querem nos levar ao modelo chavista, mas não vamos permitir”, disse o peronista dissidente Francisco De Narváez. “É inacreditável que o governo nacional use o dinheiro de todos os argentinos para anunciar que pretende violar a lei em 7 de dezembro”, disse a deputada do partido Unión por Todos, Patricia Bullrich.

    Resta, segundo Etchevers, confiar na Justiça, que, antes ou depois do 7D, definirá se a restrição aos meios de comunicação é constitucional. Em caso de a Corte rejeitar a investida de Cristina, o Clarín terá, definitivamente, o direito de manter seus veículos. “É verdade que o medo de que haja pressão do governo sobre o Judiciário está presente”, diz o porta-voz. “Mas esperamos que a Justiça possa agir com independência. É o último recurso para a defesa dos direitos na Argentina.”

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