Um estudo da Universidade de Córdoba publicado na segunda-feira 17 revelou que uma urna funerária romana de 2.000 anos, encontrada no sul da Espanha, continha o vinho mais antigo do mundo, ainda em estado líquido. A descoberta ocorreu durante a reforma de uma propriedade em Carmona em 2019. Na urna, estavam restos mortais cremados, marfim queimado e cerca de 4,5 litros de líquido avermelhado, depois avaliado como vinho por cientistas da instituição espanhola.
“Quando os arqueólogos abriram a urna, quase congelamos”, relembrou José Rafael Ruiz Arrebola, principal autor do estudo e professor de Química Orgânica na Universidade de Córdoba, à emissora americana CNN. “Foi muito surpreendente.”
O vinho evapora rapidamente e é quimicamente instável, tornando a descoberta, de fato, impressionante. “Isso significa que é quase impossível encontrar o que encontramos”, acrescentou ele. A conservação foi possível devido a um selo hermético, que impediu a evaporação do líquido. Não se sabe, no entanto, como o lacre foi formado. O líquido foi identificado como vinho branco, devido à falta do ácido siríngico, e de alta qualidade, em razão da presença de sais minerais encontrados em bebidas finais atuais.
Acredita-se que a urna funerária era de uma família rica, já que o vinho também estava acompanhado de artefatos valiosos e um anel de ouro. A cremação, contudo, destruiu o DNA e impossibilitou a identificação dos restos mortais.
A descoberta retira o posto de “vinho líquido mais antigo do mundo” da garrafa Speyer, de cerca de 1.700 anos, encontrada na Alemanha. Mas há controvérsias, já que a idade da bebida não foi confirmada por análises químicas.
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Outra descoberta na Espanha
Em fevereiro do ano passado, arqueólogos na cidade de Utrera, no sul da Espanha, encontraram uma sinagoga do século 14 escondida dentro de um prédio que, anos mais tarde, foi convertido em uma igreja católica, depois num hospital e, mais recentemente, em um bar. O primeiro indício de que o local se trata de um templo judaico veio de uma carta que um padre e historiador chamado Rodrigo Caro escreveu em 1604, dizendo que o lugar onde os judeus costumavam rezar tinha se transformado em um hospital.
Em 1492, a população judaica espanhola, que girava em torno de 200 mil pessoas, foi obrigada a se converter ao cristianismo pela rainha Isabel I de Castela e o rei Fernando II de Aragão. Na época, caso se recusassem a adotar a nova religião, seriam expulsos da Espanha. Apesar disso, ainda existem algumas sinagogas medievais na nação ibérica, inclusive nas cidades de Toledo e Córdoba. Quando a sinagoga foi convertida em igreja, no século 16, todos os vestígios do passado judaico foram apagados.