Arqueólogos descobrem sinagoga do século 14 dentro de bar na Espanha
Em 1492, a população judaica foi obrigada a se converter ao cristianismo, o que fez com que prédio ganhasse novos propósitos ao longo dos anos
Arqueólogos na cidade de Utrera, no sul da Espanha, confirmaram nesta terça-feira, 7, a descoberta de uma sinagoga do século 14 escondida dentro de um prédio que, anos depois, foi convertido em uma igreja católica, um hospital e, mais recentemente, em um bar.
De acordo com o arqueólogo Miguel Ángel de Dios, a primeira medida a ser tomada é confirmar “a presença da sala de orações” e depois analisar as paredes e o piso do edifício, algo que pode demorar anos.
“Os elementos fundamentais da sinagoga, como o hall de entrada, ou os bancos perimetrais que surgiram nesta pesquisa, agora confirmam que estamos realmente no salão de orações”, disse a jornalistas.
O único indício que comprova que o local se trata de um templo judaico veio de uma carta que um padre e historiador chamado Rodrigo Caro escreveu em 1604 dizendo que o lugar onde os judeus costumavam rezar tinha se transformado em um hospital.
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Em 1492, a população judaica, que girava em torno de 200.000 pessoas, foi obrigada a se converter ao cristianismo pela rainha Isabel I de Castela e o rei Fernando II de Aragão. Na época, caso os judeus se recusassem a virarem cristão, eles seriam expulsos da Espanha. Apesar disso, ainda existem algumas sinagogas medievais na Espanha, inclusive nas cidades de Toledo e Córdoba.
Quando a sinagoga foi convertida em igreja, no século 16, todos os vestígios do passado judaico foram apagados.
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“Agora temos a certeza científica de que estamos em uma sinagoga medieval”, declarou o prefeito de Utrera, José María Villalobos. “O estado de conservação da sinagoga, mesmo sendo parcial, não deixa de ser excepcional”.
O local pode também atrair turistas interessados no passado judaico da Espanha. Diversas cidades buscam traços históricos semelhantes, transformando a procura em um foco importante.
Nos últimos anos, o país tentou se reparar com os judeus e o governo chamou a medida imposta no século XV de “erro histórico”. Em 2015, o governo espanhol permitiu que os descendentes de judeus sefarditas exilados solicitassem novamente a cidadania espanhola, e mais 132 mil pessoas entraram com pedidos.