Pequim, 15 jun (EFE).- A China buscará na próxima cúpula do G20 o compromisso das principais economias desenvolvidas e emergentes para estabelecer o crescimento como via de saída à crise, pois se mostra preocupada especialmente com a situação da zona do euro, uma das principais importadoras de seus produtos.
‘A máxima prioridade da economia mundial deve ser garantir a recuperação, o crescimento e o emprego em uma situação geral complicada e sombria’, declarou o vice-primeiro-ministro da China e encarregado de Assuntos Econômicos do país, Wang Qishan, ao falar sobre a cúpula que ocorrerá em Los Cabos (México) nos dias 18 e 19 de junho.
A preocupação sobre a crise e seu desejo de apostar no crescimento econômico foi expressa pelos altos funcionários do governo chinês durante as últimas semanas a seus visitantes de países-membros do G20, como o ministro das Relações Exteriores da Austrália, Bob Carr, e o secretário da Fazenda do México, José Antonio Meade.
Em sua reunião com seu colega chinês Yang Jiechi, realizada em Pequim em maio passado, Carr recebeu o pedido para que a Austrália, também membro do G20, coopere com a China para tentar convencer ‘as demais economias líderes do mundo a se comprometerem com o crescimento’.
O chanceler australiano disse que Yang se mostrou preocupado com a crise da zona do euro, uma situação financeira difícil que coincide com o forte arrefecimento do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da China em 2012, que ficou em 7,5%.
Isso se reflete nas metas econômicas para 2012 apresentadas à Assembleia Nacional Popular (Parlamento chinês) em março, quando o primeiro-ministro Wen Jiabao definiu a estimativa oficial de crescimento do PIB em 7,5% – menor que metas anteriores -, uma porcentagem necessária para evitar o aumento do desemprego e suas consequências sociais.
Carr reconheceu que, na conversa, se falou inclusive sobre a eventual saída da Grécia da zona do euro, e disse que Pequim está preocupado com a instabilidade política na União Europeia (UE).
‘Estão preocupados que os eventos na zona do euro representem uma ameaça à sustentabilidade do crescimento global’, disse o ministro das Relações Exteriores australiano depois de se reunir com as autoridades chinesas. Para Carr, o propósito da China é conseguir um crescimento sustentável, apoiado no aumento do comércio global.
Também em maio, o vice-primeiro-ministro para Assuntos Econômicos da China disse ao secretário da Fazenda mexicano que Pequim trabalhará com o México, presidente temporário do G20, para garantir o êxito da cúpula, informou a agência de notícias oficial ‘Xinhua’.
Wang elogiou o trabalho do México no fórum dedicado à cooperação econômica entre as 20 principais economias do mundo, tentando integrar os pontos de vista de todos os membros.
No entanto, alguns críticos, como a ONG Coalizão Mexicana contra o G20, afirmam que a atual Presidência do fórum pode estar cedendo ao interesse dos especuladores financeiros e empresas transnacionais.
Segundo Wang, China e México, ambas economias emergentes, devem fortalecer a comunicação e coordenação, construir o consenso e cimentar a cooperação com os demais países do bloco.
Por sua vez, o ministro de Comércio chinês, Chen Deming, defendeu, em reunião preparatória da cúpula, o que chamou de ‘cadeia de valor global’, algo próprio da globalização na qual interagem todos os elos do processo econômico.
Chen expressou a posição firme da China sobre o protecionismo comercial, que, segundo ele, pode reaparecer, apesar dos esforços de vários países e da Organização Mundial do Comércio (OMC). EFE