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China acusa Eduardo Bolsonaro de ameaçar suas relações com Brasil

Deputado e presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara afirmou que Brasil apoia aliança global para um 5G 'sem espionagem da China'

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 25 nov 2020, 09h06 - Publicado em 25 nov 2020, 08h51

Em uma nota pública divulgada na noite desta terça-feira 24, a Embaixada da China no Brasil acusou o deputado Eduardo Bolsonaro de ameaçar as relações entre Pequim e Brasília com declarações “infundadas”. Segundo a representação diplomática, o governo chinês utilizou canais diplomáticos para realizar uma queixa formal.

Nas redes sociais, o deputado afirmou que o governo brasileiro declarou apoio a uma “aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China”. A mensagem foi postada na segunda-feira 23, mas apagada nesta terça.

“O governo Jair Bolsonaro declarou apoio à aliança Clean Network, lançada pelo governo Donald Trump, criando uma aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China”, escreveu Eduardo Bolsonaro. “Isso ocorre com repúdio a entidades classificadas como agressivas e inimigas da liberdade, a exemplo do Partido Comunista da China”, disse ainda o deputado, que é presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara.

Em nota, a Embaixada da China afirmou que a declaração “é totalmente inaceitável” e que manifesta “forte insatisfação e veemente repúdio a esse comportamento”.

“Na contracorrente da opinião pública brasileira, o deputado Eduardo Bolsonaro e algumas personalidades têm produzido uma série de declarações infames que, além de desrespeitarem os fatos da cooperação sino-brasileira e do mútuo benefício que ela propicia, solapam a atmosfera amistosa entre os dois países e prejudicam a imagem do Brasil”, diz o comunicado.

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A representação diplomática disse ainda que as declarações de Eduardo Bolsonaro seguem “os ditames dos Estados Unidos de abusar do conceito de segurança nacional para caluniar” o país asiático e cercear as atividades de empresas chinesas.

A briga pelo monopólio da tecnologia 5G mundial está no centro da guerra comercial entre China e Estados Unidos. O governo americano alega que a tecnologia oferecida pela chinesa Huawei representa uma ameaça à segurança nacional nas nações que a adotam, pela proximidade da empresa com o governo de Pequim, e protagoniza uma campanha para influenciar seus aliados a escolher tecnologias alternativas.

Além da Huawei, as outras grandes empresas que oferecem serviços de 5G semelhantes ao chinês são a sueca Ericsson, a finlandesa Nokia e a sul-coreana Samsung – não há nenhuma empresa americana que disputa o monopólio no mesmo patamar.

Alvo de lobby de ambas as nações, o Brasil foi colocado em uma posição delicada na disputa. A Huawei deixa claro seu interesse em participar da implantação da tecnologia no país. Porém, ao mesmo tempo em que tenta conservar os laços com a China – o maior parceiro comercial brasileiro – o governo de Jair Bolsonaro também força uma aproximação com os Estados Unidos.

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O Brasil prepara um leilão para escolher empresas que vão instalar a rede de telefonia 5G no país. O evento deve acontecer em 2021.

Em entrevista a VEJA em agosto, o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, negou que as declarações de Eduardo Bolsonaro e outras autoridades brasileiras pudessem prejudicar “o quase meio século de relações diplomáticas” entre as duas nações.

“Forças antichinesas nos Estados Unidos têm criado uma rivalidade ideológica de forma deliberada, pressionando outros países a tomar partido dos interesses americanos”, disse. “No entanto, nenhuma nação que possua consciência e espírito independente cairá nessa manobra”.

Nesta terça, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, foi questionado sobre as declarações de Eduardo Bolsonaro. Jornalistas perguntaram ao ministro se o Brasil entrou na aliança Clean Network a fim de evitar a espionagem chinesa, como havia afirmado o deputado. Faria não quis responder e disse apenas: “Liga para o Eduardo”.

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