Combater a crueldade dos terroristas do Boko Haram contra a população da Nigéria já é um desafio bastante significativo para as autoridades do país, mas ainda há uma guerra de informações entre as fontes oficiais e o grupo radical islâmico. O chefe da organização, Abubakar Shekau, apareceu mais uma vez em um vídeo rebatendo a afirmação do Exército de que estaria morto. “Estou aqui, vivo. Eu só vou morrer quando Alá me privar de respirar”, provocou o extremista na gravação divulgada nesta quinta-feira.
Na última semana, o Ministério da Defesa havia reafirmado que Shekau estava morto, explicando que uma ofensiva em Konduga, no Estado de Borno, havia resultado na morte de um sósia que vinha interpretando o chefe terrorista nos últimos vídeos divulgados pelo Boko Haram. Segundo os militares, a morte do impostor seria uma prova de que o verdadeiro chefe não estava mais vivo. Dois outros comunicados sobre a morte de Shekau foram feitos anteriormente pelas autoridades nigerianas, em 2009 e em 2013.
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Analistas de segurança já haviam questionado o anúncio do governo, dizendo que era ingênuo acreditar que Shekau estaria com outros terroristas em uma área onde poderiam ser alvo fácil para ataques do Exército. No novo vídeo, o terrorista aparece cercado por homens encapuzados e fortemente armados. “Estamos tocando nosso califado, nosso califado islâmico”, disse, em declaração reproduzida pela rede britânica BBC. “Seguimos o Corão e estão praticando seus mandamentos na terra de Alá”, acrescentou, em uma referência à aplicação da sharia, a lei religiosa.
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Em pouco mais de meia hora, o vídeo também tem cenas chocantes de amputações, decapitações e um apedrejamento até a morte. Também há imagens de destroços de um caça que desapareceu no nordeste do país no dia 12 de setembro. O grupo diz que foi responsável pela derrubada da aeronave militar.
Além de não conseguir comprovar a destruição do chefe do Boko Haram, o governo também segue perdido na busca por mais de 200 meninas sequestradas em abril. Assim como no caso da morte – ou não – de Shekau, as autoridades também já divulgaram algumas vezes que as estudantes haviam fugido ou sido libertadas para depois voltar a atrás na informação.